Os panetones da Nestlé com a marca Alpino sumiram dos supermercados nas semanas que antecedem o Natal. Do total que a empresa colocou nas gôndolas, 90% já foi vendido. "Nós subestimamos o Alpino", disse Claudio Gekker, diretor da divisão de biscoitos da Nestlé, que ficou responsável pela comercialização dos panetones este ano. Dos outros dois sabores que fizeram parte da estréia da empresa nesse segmento, frutas e chocolate Classic, 60% do que foi produzido também já sairam das prateleiras. Antes da temporada começar, a multinacional suíça traçou metas ousadas e mirava a vice-liderança da categoria de 500 gramas, responsável por 70% das vendas totais. Agora, às véspera do Natal, os resultados contabilizados dão 15% de participação nesse segmento no mercado de São Paulo - área na qual a empresa restringiu sua atuação - e confirmam: a Nestlé estará de volta com os panetones em 2009. E planeja vir com mais força.
Além dos atuais três produtos, a fabricante deve ampliar o portfólio para a próxima temporada. "A nossa grande vantagem competitiva é a força das marcas. Vamos explorar isso ao máximo", informou Gekker. Apesar da empolgação com o mercado - que deve fechar a temporada com crescimento de até 15%, segundo Gekker - a Nestlé manterá sua estratégia de produção no próximo ano. A parceria com a fabricante Casa Suíça será mantida, mas o volume de produção deve dobrar. "Tudo está sendo feito para continuar com a parceria. Estamos firmando um acordo que garante que qualquer tipo de investimento feito pela Casa Suíça vai ter um respaldo do volume que a Nestlé colocará no mercado", disse Gekker.
Com os 15% do mercado de 500 gramas em São Paulo - que representa 50% das vendas das 28 mil toneladas comercializadas pela categoria nacionalmente - a produção da Nestlé este ano ficou em cerca de 4,2 mil toneladas. Para 2009, seriam necessárias 8,4 mil toneladas para entrar com força no mercado nacional. "Dobrar seria um bom número", afirmou Gekker.
Em todo o Brasil, os principais focos da empresa serão os estados da região Sul, além de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. "O Sul e o Sudeste representam 70% das vendas de todo o Brasil", disse.
E para conquistar o Nordeste a empresa também está avaliando o desenvolvimento de um produto específico para a região, com 400 gramas, exatamente como faz a líder do mercado, a Pandurata Alimentos, fabricante das marcas Bauducco, Visconti e Tommy. "Existem algumas questões do Nordeste que ainda não estão resolvidas, como o tempo e custo de distribuição. Mas pelas características do mercado, um produto com gramatura menor, que exija um desembolso menor, seria mais apropriado", disse.
Preços
Apesar de ter entrado no mercado este ano, a Nestlé não partiu para a guerra de preços, de acordo com Gekker. O executivo explicou que a idéia da empresa foi posicionar os preços tendo como referência a líder do mercado - que tem mais de 60% de participação. "Nós tentamos ficar o tempo todo igual a líder", disse.
As vendas totais de panetones no Brasil devem chegar R$ 400 milhões este ano, segundo Gekker. "A crise ainda não chegou as indústrias de alimentos. Estamos, na verdade, vendo um aquecimento em um contexto favorável para os nossos produtos", disse.
No mercado, as vendas dos produtos de frutas alcançam 70% do total. Para a Nestlé será o inverso. Cerca de 70% das vendas serão dos produtos de chocolate, segundo Gekker.
Veículo: Gazeta Mercantil