Os preços valorizados pagos pelo milho irão incentivar o plantio da segunda safra do cereal em Minas Gerais. A tendência é que os preços se mantenham acima dos custos de produção, mesmo com a expectativa de uma produção norte-mericana recorde. O plantio já foi iniciado no Estado.
De acordo com o coordenador técnico estadual de culturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Wilson José Rosa, as expectativas em relação a segunda safra são positivas. A maior capitalização dos produtores incentiva a ampliação dos tratos culturais.
"Ao que tudo indica teremos uma safra de milho superior à registrada no ano passado. O mercado demandador aquecido e os preços rentáveis são os principais fatores que irão incentivar o plantio do cereal ao longo da segunda safra mineira", disse Wilson.
Segundo o sétimo levantamento da safra de grãos elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a produção de milho na segundo safra do Estado deverá alcançar 537 mil toneladas, volume que representará um incremento de 2,7% sobre o volume gerado em igual período produtivo anterior.
A área destinada ao cereal é estimada em 109 mil hectares, o que significa uma expansão de 15,9% sobre os 94,3 mil hectares destinados ao cultivo do cereal ao longo da segunda safra 2011/12.
A Conab estima uma queda na produtividade de 11,1%, com rendimento médio de 4,9 toneladas por hectare. A redução está atrelada a fatores climáticos, como a chuva registrada no final de fevereiro, o que atrasou a colheita da primeira safra e também do plantio do milho segunda safra, aumentando o risco da cultura se desenvolver no período de estiagem.
De acordo com os técnicos da Conab, o risco decorrente do plantio fora do período tecnicamente recomendado é a redução na produtividade. No entanto, as excelentes condições climáticas em todos os estados produtores criam a expectativa de bons rendimentos no decorrer do desenvolvimento das lavouras.
Ainda segundo a Conab, a decisão de aumentar o plantio do milho está ligada ao fato de que os preços do cereal ainda se mostram atrativos, comparativamente ao dos demais produtos, além de se apresentar como uma excelente alternativa ao cultivo do feijão, que sofreu reduções significativas na área em função da forte incidência da praga mosca branca.
Em Minas Gerais a colheita do milho primeira safra está avançando dentro do esperado. A estimativa é que os trabalhos tenham ultrapassado 50% da produção na região de Uberlândia. Na região do Noroeste, já foram colhidos mais de 40% da produção de verão.
A produção de milho na primeira safra do ano deverá ser reduzida em 6,6%, com volume produtivo de 6,8 milhões de toneladas, frente as 7,2 milhões de toneladas produzidas anteriormente. A produtividade do cereal deve girar em torno de 5,91 toneladas por hectares, 1,1% menor do que a safra anterior. A área plantada foi reduzida em 5,6%, ficando em 1,14 milhão de hectares. A queda na área destinada ao cereal se deve a migração dos produtores para a soja, que no período do plantio estava com preços mais atrativos que os do milho.
Em relação ao mercado, entre os dias 11 e 17 de abril, os preços pagos pelo cereal se mantiveram estáveis com as cotações variando entre R$ 22 e R$ 26 por saca de 60 quilos, nas principais regiões produtoras de Minas Gerais.
"Os valores estão em patamares menores que os registrados em meses anteriores, mas mesmo assim ainda são suficientes para cobrir os gastos com a lavoura e gerar lucro. A redução já era esperada, pois estamos no pico da colheita da primeira safra, o que naturalmente eleva a oferta e reduz os preços. Para os próximos meses, os preços deveram variar conforme forem sendo divulgados os relatórios da safra norte-americana, que ao que tudo indica será recorde", disse Wilson Rosa.
Comprador retraído pressionou cotação
O mercado brasileiro de milho teve colheita lenta da safra verão devido às chuvas em algumas localidades. Entretanto, em outras regiões, os trabalhos foram efetivados normalmente e botaram pressão nas cotações juntamente com o comportamento do comprador, que encontra-se retraído, no aguardo de preços mais baixos para o cereal.
Houve falta de liquidez na exportação, e o câmbio mais desvalorizado foi o grande ponto favorável na semana. As exportações de milho do Brasil renderam US$ 132,6 milhões em abril (dez dias úteis), com média diária de embarques de US$ 13,3 milhões. A média é 44,1% menor na comparação com os US$ 23,7 milhões obtidos diariamente em março de 2013, quando os embarques de milho haviam rendido US$ 473,9 milhões.
Em abril do ano passado, as exportações totalizaram US$ 26,9 milhões, com média de US$ 1,3 milhão em embarques. A quantidade de milho exportado em abril de 2013 foi de 462,1 mil t, com média diária de 46,2 mil t. A média diária de março havia sido de 80,4 mil t, ou seja, em abril a média recuou 42,5%. O total exportado de volume em março foi de 1,608 milhão de tonelada. Em abril de 2012, as exportações haviam totalizado 98,3 mil toneladas.
A colheita de milho da safra de verão, na região Centro-Sul, chegou a 62,7% da área estimada até 12 de abril, conforme levantamento de SAFRAS ã Mercado. A área de cultivo ocupou 5,797 milhões de hectares, contra 5,925 milhões do ano anterior. No ano passado, em igual período, a colheita atingia 74,1%.
Veículo: Diário do Comércio - MG