Nova geração de celulares desperta otimismo no setor

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Com foco, inicialmente, em usuários de maior poder aquisitivo, ou que fazem questão de estar na vanguarda da adoção de novas tecnologias, os fabricantes de celulares já lançaram diversos modelos de aparelhos para a quarta geração (4G) no Brasil, com preço médio de R$ 2 mil. O valor é similar ao de smartphones 3G mais sofisticados, conhecidos também no jargão do setor como "high end". Devido à equivalência de preços, entre outras questões, a adoção de 4G poderá ser mais rápida que a de aparelhos 3G. "A terceira geração levou de cinco a seis anos para pegar no Brasil. Mas é possível que em três anos o 4G chegue ao mesmo nível [participação de mercado]que o 3G possui hoje", disse Rodrigo Vidigal, diretor de marketing da Motorola Mobility.

De acordo com o relatório mais recente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), até março foram vendidos no país 15 mil smartphones 4G, o que representa 0,01% do mercado total de celulares em uso. A consultoria IDC estima que poderão ser vendidas 600 mil unidades neste ano. A 4G Américas, organização internacional que representa empresas de telecomunicações, é mais otimista; projeta vendas entre 900 mil e 1 milhão de unidades em 2013.

A Anatel já homologou produtos da BlackBerry (ex-RIM), Nokia, Motorola Mobility, LG, Sony e Samsung, além de um modem para conexão 4G da Huawei. No mundo, existem aproximadamente 260 aparelhos à venda adaptados à tecnologia.

A Samsung realiza em São Paulo, sábado, um evento de pré-venda do Galaxy S4 em suas lojas e também em diversas lojas dos shoppings Iguatemi e JK Iguatemi, com preço sugerido de R$ 2.499. A versão 3G da marca será vendida a R$ 2.399 no Brasil. Na semana passada, a LG anunciou o lançamento da linha Optimus G, com preço sugerido de R$ 1.999. A Motorola Mobility também trouxe ao país a linha Razr HD, por R$ 1.999. A Sony lançou a linha Xperia ZQ, no início do mês, por R$ 2.049 no varejo. A linha Lumia 920 da Nokia é encontrada a preços abaixo de R$ 1,8 mil no varejo. A BlackBerry prevê lançar o Z10 (compatível com 4G no Brasil) em maio.

Para se ter uma base de comparação, o aparelho iPhone 4S, da Apple, que não é adaptado à faixa de frequência para 4G adotada no Brasil, foi lançado no país a R$ 2.599 (na loja da Apple) ou R$ 1.999 (nas lojas de operadoras). O Galaxy S III, da Samsung, chegou ao país a R$ 2.099.

Analistas de mercado vinham questionando se o preço de entrada desses celulares dificultaria a adoção de 4G no país. O padrão 3G foi lançado no Brasil em 2008, mas demorou a ganhar fôlego e uma das razões apontadas por analistas era o alto preço dos aparelhos. Apenas em anos recentes, com a chegada de smartphones de preços médios (de R$ 450 a R$ 699) e de baixo custo (entre R$ 250 e R$ 349), esse mercado cresceu de forma mais significativa.

Até março, havia no país 61,3 milhões de celulares 3G em uso, número que sobe para 68,2 milhões com a inclusão de equipamentos com modem 3G. O montante representa 25,8% do mercado total de dispositivos móveis em uso no país, de acordo com dados da Anatel compilados pela consultoria Teleco.

Fernando Belfort, analista sênior para América Latina da consultoria Frost & Sullivan, disse que haverá um grupo de consumidores dispostos a trocar de aparelho para experimentar os serviços 4G. Por outro lado, uma grande parcela de brasileiros que trocaram de aparelho no ano passado pode levar de 12 a 24 meses para adotar os novos smartphones, seguindo o tempo médio de troca de celular. "Até o fim do ano, os fabricantes e as operadoras vão oferecer mais produtos e serviços. Mas, por enquanto, o marketing é mais forte que a oferta real de 4G", disse. Para o analista, os preços divulgados até estão atrativos para a adoção da tecnologia.

Vidigal, da Motorola Mobility, disse que R$ 2 mil era um preço proibitivo para a adoção de smartphones 3G. "O Brasil tinha uma demanda reprimida por smartphones. Após o surgimento de aparelhos na faixa de R$ 499, o mercado avançou mais rapidamente", afirmou.

A Motorola também decidiu fabricar aparelhos 4G no Brasil. "Muitas operadoras já queriam os aparelhos, mesmo antes de lançar o serviço, para atender aos interesses dos consumidores", disse.

"Até pelas dimensões do país, não dá para dizer que haverá uma mudança significativa do mercado neste ano, mas a expectativa para longo prazo é de um crescimento robusto das vendas de 4G", afirmou Raphael Rocha, gerente-geral da LG do Brasil. A empresa vai produzir aparelhos 4G na fábrica de Taubaté (SP). Rocha disse que, com a aprovação da regulamentação pelo governo da desoneração de smartphones com tecnologia 4G, é possível que novos aparelhos cheguem ao mercado a preços mais baixos. "Mas até isso acontecer, a melhor opção para os fabricantes é buscar oferecer o melhor preço, para atrair os consumidores", disse.

Apesar de concordar com seu rival, Michel Piestun, vice-presidente de telecomunicações da Samsung, disse que os aparelhos 4G têm características que dificultam a queda nos preços. "O governo brasileiro escolheu uma faixa de frequência para 4G diferente da adotada em outros países. Para que o usuário do smartphone 4G consiga usar o aparelho fora do país precisa de componentes capazes de captar outras faixas de frequência, isso dificulta reduzir o preço", afirmou. Esses aparelhos foram desenvolvidos para suportar as faixas de frequência 2G - 850 megahertz (MHz), 900 MHz, 1.800 MHz e 1.900 MHz; 3G (850 MHz, 900 MHz, 1.900 MHz, 2.100 MHz) e 4G (2.600 MHz).

Outro fator que poderá favorecer a adoção mais rápida da tecnologia 4G será o valor dos planos estabelecidos pelas teles. A Claro lançou planos com mensalidades a partir de R$ 129. No caso de 3G, são encontrados no mercado pacotes de acesso à web a partir de R$ 29,90 (sem incluir outros serviços).



Veículo: Valor Econômico


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