Analistas preveem estabilidade em taxa de desemprego nas regiões metropolitanas

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A economia passa por uma trajetória de recuperação gradual, mas o efeito da reaceleração sobre o mercado de trabalho não se traduzirá em quedas adicionais do desemprego, segundo analistas. Segundo a média de 15 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, a desocupação nas seis principais regiões metropolitanas vai subir de 5,6% em fevereiro para 5,9% em março. As estimativas variam entre 5,7% e 6,1%.

Em termos dessazonalizados, economistas afirmam que essa trajetória marcará mais um mês de relativa estabilidade da quantidade de desempregados como proporção da População Economicamente Ativa (PEA), estacionada desde meados de 2012. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) será divulgada hoje pelo IBGE.

Fabio Romão, da LCA Consultores, prevê que a taxa de desemprego aumentou para 6% no mês passado, variação que, com o ajuste sazonal da consultoria, resulta em ligeira estabilidade na passagem mensal, de 5,4% para 5,5%. Esse nível, diz Romão, não tem sofrido alterações relevantes no período recente, já que a média de julho a fevereiro deste ano é de 5,4%, mesmo percentual esperado pela LCA para a média da desocupação em 2013.

Segundo Romão, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram um vigor maior da indústria, que quase dobrou o número de contratações no primeiro trimestre, mas esse comportamento não se refletirá na pesquisa do IBGE, centrada apenas nas principais regiões urbanas e influenciada também pela evolução do emprego informal. "Há uma melhora na indústria que pode se espraiar para outros setores, e o Caged deve apontar uma geração maior neste ano, mas a taxa de desemprego metropolitana ficará muito parecida", diz.

A equipe do Itaú Unibanco projeta que os desocupados representaram 5,9% da força de trabalho no terceiro mês do ano, mas também ressalta que, livre de influências sazonais, a taxa ficou estável em 5,4%, igual à registrada na medição anterior. Em estudo enviado a clientes, o economista Aurélio Bicalho sustenta que, mesmo modesta, a retomada da atividade tem sido suficiente para manter o desemprego em níveis baixos, graças a uma combinação entre redução da oferta de trabalhadores e demanda expressiva por mão de obra no setor de serviços.

Bicalho calcula que esse ramo foi responsável por cerca de 80% a 90% da geração de empregos nos últimos anos, com base em números da PME e do Caged. "Um crescimento da economia em que o setor de serviços cresce a taxas mais altas do que o industrial tende a sustentar a criação de vagas, pelo menos temporariamente", diz o economista, como ocorreu em 2012, quando o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,9% e o segmento de serviços quase o dobro (1,7%).

Em um prazo maior, no entanto, a desaceleração da indústria chegaria aos serviços, desaquecendo também o ritmo do mercado de trabalho, afirma o analista do Itaú. Como, para 2013, a instituição trabalha com expansão de 3% do PIB, a média anual da taxa de desemprego deve ceder de 5,5% no ano passado para 5,4%, segundo as projeções de Bicalho. No caso de manutenção de velocidade mais baixa de crescimento, de 1% ao ano, o modelo do banco aponta que a desocupação subiria.

Para Fabio Ramos, da Quest Investimentos, o destaque da atual leitura da PME será uma nova perda de fôlego da renda dos ocupados, em função de uma inflação que surpreendeu para cima no primeiro trimestre. Devido à alta de preços acima do esperado, Ramos diminuiu recentemente, de 5,5% para 5%, a estimativa para o aumento da massa de rendimentos do trabalho este ano. Em sua fase mais robusta, em meados de 2011, essa variável crescia a um ritmo de 8% no acumulado em 12 meses, lembra ele.

O economista da Quest avalia que a evolução da renda esperada para 2013 só não é mais fraca porque os índices de preços devem perder força ao longo do ano. Atualmente em 6,59% até março, o IPCA anualizado irá recuar para 5,6% ao fim do ano, nos cálculos de Ramos, mas ele destaca que a inflação acumulada em 12 meses só vai desacelerar "para valer", se afastando dos 6%, a partir do terceiro trimestre. "Por ora, podemos ter surpresas."

Em fevereiro, a remuneração média real dos trabalhadores nas principais metrópoles subiu 2,4% sobre igual mês de 2012, variação que, nos cálculos de Romão, da LCA, vai passar para 1,8% em março. Para o ano, a consultoria trabalha com alta de 2,8% do rendimento médio, menor que o crescimento de 4,1% observado em 2012. Essa trajetória, explica o economista, será resultado da correção mais modesta do salário mínimo e de uma inflação média mais elevada.



Veículo: Valor Econômico


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