Orizicultores, confiantes nos preços, tendem a segurar vendas
Em março, primeiro mês de comercialização da safra 2012/2013 do arroz, o cereal registrou queda de 40% no volume de exportações em comparação com o mesmo período no ano passado. A redução está longe de simbolizar um problema para os orizicultores, avaliam representantes de entidades do setor. Com a importação também em queda (diminuição de aproximadamente 20%, comparativamente a março de 2012), a balança comercial mantém-se equilibrada. “Os números de março atendem a todo mundo”, analisa o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha.
Uma das justificativas para a baixa exportação é a elevação do custo interno. Em 2012, a saca do arroz, no início do ano comercial, era vendida a R$ 23,00. Agora, está cotada, em média, em R$ 30,00. “É bom que estejamos trabalhando com outros patamares de preço para o produto”, argumenta Rocha. A alta nos preços revela vantagem para comercialização interna e perspectiva de aumento no valor da saca de arroz para os próximos meses. Segundo o presidente do Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), Claudio Pereira, “muitos produtores estão segurando totalmente a produção, especulando uma alta nos preços”. Com o produtor controlando as vendas em busca de elevação dos preços, surge outra preocupação: o aumento da importação.
“Se ocorrer uma retração muito grande de oferta, o mercado interno sobe muito e pode entrar arroz importado do Mercosul”, avalia Pereira. Mas, ao invés de conseguir preços melhores, o produtor pode ficar na mão, contrapõe. “Pode acontecer o contrário e derrubar todo mercado lá na frente.”
O Irga e a Federarroz têm orientado os orizicultores a manter oferta regular do cereal. “O arroz vai valorizar, mas temos que ter sensibilidade para sustentar uma oferta gradual, mantendo nosso produto no mercado”, comenta Rocha. Para o dirigente, o risco de aumento da importação é mais preocupante do que a baixa exportação. “Estamos trabalhando com o governo do Estado para capitanear negociações de cotas de importação com o Mercosul, porque a importação acontece em momentos inapropriados e não tem limitação. Isso traz um prejuízo muito grande”, salienta.
Em março, o País exportou mais de 112 mil toneladas de arroz e importou quase 95 mil, mantendo um equilíbrio ante a balança do mesmo mês, em 2012, quando as exportações somaram mais de 186 mil toneladas e as importações superaram 119 mil toneladas. Com mais cautela, o diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz no Rio Grande do Sul (Sindarroz), Cezar Augusto Gazzaneo, avalia que este ainda é o primeiro mês da safra e que as “variáveis ainda são indefinidas”. “Essa é uma equação que vai ser administrada ao longo do ano, conforme diversos fatores, um deles é o câmbio”, pondera.
Veículo: Jornal do Comércio - RS