Reajuste de preço requer cautela, sob o risco de perda de clientes

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Segundo analistas, apesar da alta de custos, pode compensar assumir prejuízo em alguns produtos

Não conhecer bem as despesas também pode fazer empresa não conseguir pagar contas em meio à inflação alta

Em um momento de aumento de custos, empresários devem fazer contas e pesquisar antes de reajustar os preços para o consumidor.

O equilíbrio é delicado: enquanto um reajuste mal conduzido leva à perda de clientes, não conhecer bem os custos do negócio pode fazer com que a empresa não consiga pagar suas contas.

Em 2013, a taxa oficial de inflação subiu e ficou acima da meta estabelecida pelo governo, de 4,5% (com tolerância para dois pontos percentuais para cima ou para baixo). No acumulado dos últimos 12 meses até março, atingiu 6,59%.

O número indica que empresas estão comprando mais caro de seus fornecedores e, por isso, são estimuladas a aumentar os preços.

Mas, antes do repasse, é necessário um levantamento dos valores praticados no mercado e dos custos fixos da empresa.

Segundo Cláudio Gonçalves, economista e professor da Trevisan Escola de Negócios, um aumento de preços feito sem observar a concorrência pode levar a perda de competitividade.

Para Gonçalves, aumentar os preços ficou mais difícil com o surgimento de novas tecnologias:

"Hoje o cliente pode chegar a uma loja e procurar no smartphone o mesmo produto que está na vitrine. Se o preço for muito diferente, você perde o cliente".

Maurício Galhardo, sócio da consultoria Praxis Business, diz que, em alguns casos, compensa até assumir prejuízo em um produto. A condição é que essa perda seja compensada com a atração de clientes para comprar outras mercadorias lucrativas.

Também é possível, diz Galhardo, trabalhar com preços mais altos que a concorrência, oferecendo outros diferenciais para atrair clientes.

Entre eles, o consultor destaca melhor atendimento ou entrega rápida:

"Pesquisar diferentes fornecedores e negociar melhores preços faz parte da estratégia básica para o empresário", diz o consultor do Sebrae-SP Salvador Cerrato.

MUDAR O MENU

Desde que inaugurou o restaurante Mangalô, há três anos, na zona sul de SP, Gustavo Gereissati, 32, fez duas alterações de preço --a mais recente no início de 2013.

Para saber a hora certa de mudar o cardápio, Gereissati diz fazer planilhas para analisar os custos quando sente aumento no valor pago na compra dos ingredientes.

Ele afirma perceber a inflação em seu dia a dia, especialmente nas carnes. Porém evita mudanças frequentes no preço, mesmo quando há elevação de custo sazonal, como peixe antes da Páscoa:

"A gente dá uma segurada. Cliente não absorve mudanças todo dia".

A artesã Loli Colpa, 50, que faz acessórios com material reciclado, diz que colocar o preço correto é a etapa mais difícil de seu trabalho.

"Tento chegar ao preço levando em conta o que pago no material e a hora trabalhada. Mas, como são muitas etapas de trabalho, fica difícil medir o tempo gasto."

Para solucionar a questão, Colpa diz visitar feiras para fazer comparações.



Veículo: Folha de S.Paulo


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