Após serem afetados por dois anos consecutivos pelo clima desfavorável, os canaviais das usinas controladas pela indiana Shree Renuka Sugars no Brasil prometem rendimentos melhores. Em 2013/14, as quatro unidades da empresa, que tem capital aberto na bolsa de Mumbai e faturamento de US$ 1,2 bilhão, planejam processar, juntas, 11,2 milhões de toneladas de cana, 18% mais que em 2012/13 (9,5 milhões).
A cana adicional será quase toda direcionada para a produção de etanol, cujos preços neste momento estão mais atrativos do que os do açúcar. No entanto, o principal executivo da empresa no Brasil, Paulo Zanetti, esclarece que esse mix poderá mudar ao longo da safra, de acordo com o mercado.
Por enquanto, a expectativa é que, juntas, as quatro usinas fabriquem 434 milhões de litros do biocombustível em 2013/14, 56% mais que em 2012/13 (278 milhões de litros). A produção total de açúcar tende a alcançar 752 mil toneladas, 3,7% acima das 725 mil toneladas de 2012/13.
Em termos relativos, o aumento da moagem será semelhante nas quatro unidades do grupo. Nas duas unidades da paulista Renuka do Brasil, na qual a indiana tem 60% do capital, a moagem está prevista para alcançar 8,5 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume será 17% maior que as 7,25 milhões de toneladas do ciclo 2012/13. Já as duas unidades da Vale do Ivaí, no Paraná, devem processar no ciclo 2013/14 em torno de 2,7 milhões de toneladas, 19% acima do realizado em 2012/13.
"O aumento é resultado de investimentos agrícolas feitos nos últimos três anos, além de um engajamento maior com fornecedores de cana. O clima também foi muito favorável", diz Zanetti, que acumula a presidência da Renuka do Brasil e da Vale do Ivaí, na qual Shree Renuka Sugars tem 100%.
Além de açúcar e etanol, as usinas do Paraná produzem leveduras secas, que já representam 20% do faturamento da Vale do Ivaí. No ciclo passado, foram 15 mil toneladas. Em 2013/14, serão 20 mil toneladas. O produto, resultado da fermentação do álcool, é fornecido para a americana AllTech, que instalou duas fábricas de processamento de leveduras nas usinas do Estado. Nelas, a AllTech processa a levedura (e também melaço vendido pela Vale do Ivaí) para fabricar ração animal.
Zanetti informa que, neste ano, a Renuka do Brasil também vai começar a produzir leveduras secas. Duas fábricas foram reativadas. A produção esperada é de 10 mil toneladas do produto por ano. As unidades paulistas também têm cogeração de energia a partir do bagaço da cana. Em 2013/14, a produção será de 482 mil megawatts hora (MW/h), 69 mil MW/h a mais do que em 2012/13.
A Shree Renuka Sugars é uma das principais produtoras de açúcar da Índia. Por ano, sua capacidade de moagem de cana é de 20 milhões de toneladas, das quais 13,6 milhões no Brasil.
Veículo: Valor Econômico