Abilio Diniz, que é alvo de nova ofensiva do Casino, é peça chave para a empresa aumentar sua capilaridade de distribuição
A BRF, uma das maiores companhias de alimentos do Brasil, está apreensiva com a dificuldade do mercado interno de adquirir produtos da empresa após uma alta de preços. Neste cenário, a companhia pretende otimizar sua rede de distribuição, focando em pequenos varejos ou outros canais de vendas.
Para o diretor-presidente da empresa, José Antonio do Prado Fay, a entrada de Abilio Diniz poderá ajudar a companhia a otimizar o uso de suas redes de distribuição, por conta de sua longa experiência na área.
Mas essa ajuda pode ser comprometida pelo novo capítulo da briga entre Abilio Diniz e o Casino, acionista controlador do Grupo Pão de Açúcar, que entrou ontem com ontem pedido arbitral à Câmara de Comércio Internacional contra Diniz, que acumula as presidências dos conselhos de administração do Pão da Açúcar e da BRF.
O Casino pretende obter uma declaração de que a eleição de Abilio Diniz para o conselho da BRF -um dos maiores fornecedores do grupo-, sem que ele renuncie à presidência do conselho do Pão de Açúcar está em conflito com os interesses do grupo varejista. Para os franceses houve violação da lei brasileira e do acordo que firmado com Diniz para que ele permanecesse na presidência do conselho. "O Casino também requer a confirmação de que pode tomar todas as medidas necessárias para proteger os interesses do GPA (Grupo Pão de Açúcar) em conformidade com o acordo de acionista", disse a empresa em nota.
Em abril, Abilio Diniz descartou renunciar à presidência do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, após ter sido eleito chairman da BRF. "O cargo é garantido pelo contrato de acionistas da Wilkes (holding de controle do Pão de Açúcar) de maneira vitalícia", informou a assessoria de Abilio. Em dezembro de 2012, ele entrou com pedido de arbitragem na Câmara de Comércio Internacional contra o Casino, para assegurar que o cumprimento do acordo de acionistas da Wilkes. Enquanto a novela não chega ao capítulo final, Abilio segue ocupando as duas cadeiras.
Lucro da BRF
No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido da empresa mais que dobrou, impulsionado pelas vendas domésticas em meio ao aumento dos preços por conta de custos maiores. “A questão dos preços dos produtos no mercado interno é muito sensível para a BRF”, disse Fay.
A estratégia da companhia inclui foco em garantir margens e trabalhar para manter os volumes de vendas. "O consumidor não deixou de comprar, mas o faz em volumes menores. A BRF vai ficar mais intensa em marketing e mais presente na mídia", afirmou Fay.
Sobre a expansão no exterior, uma das metas é ampliar as operações de processamento da BRF em outros países.
"Crescer por aquisição é interessante, mas nem sempre a gente acha o que precisa pelo preço que quer, por isso decidimos construir no Oriente Médio", disse Fay.
O lucro líquido da BRF foi de R$ 359 milhões no primeiro trimestre de 2013, 134% superior ao lucro registrado no mesmo período de 2012, superando as estimativas de analistas.
O desempenho teve contribuição de todos os segmentos de atuação, com destaque para o mercado interno, que representou 78,5% do total.
Veículo: Brasil Econômico