Pesquisa mostra como reduzir perdas e evitar dano aos ecossistemas
Contribuir para a consolidação de um meio ambiente equilibrado, gerar emprego e renda, além de dar nova destinação para os resíduos da indústria pesqueira do Pará. Estes são alguns dos benefícios da farinha para alimentação animal que está sendo produzida na Universidade do Estado do Pará (Uepa). Fruto da pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Uepa da pesquisadora Ananda Maira Ferreira do Nascimento, o produto é rico em proteínas e minerais.
Na prática, a farinha animal que está sendo desenvolvida na universidade, dá nova destinação aos resíduos que sobram do processo de filetagem do peixe pela indústria. De acordo com dados levantados na pesquisa, no processo de retirada do filé de tilápias, por exemplo, 70% do animal é desperdiçado, enquanto que o rendimento médio de filé sem pele da piramutaba é de aproximadamente 24%. Dessa forma, 76% do peso total desta espécie resultam em resíduos não aproveitados pelas indústrias.
Esta parte, normalmente jogada fora, consiste principalmente de vísceras, cabeças, ossos e escamas ou ainda de pequenos peixes inviáveis para o processamento. No entanto, trata-se de um material rico em minerais, proteínas e lipídios, com significativo conteúdo de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente da série ômega- 3.
“Além disso, eles têm um grande potencial como fonte de energia, tendo, portanto, importantes características para serem reaproveitados”, afirmou a pesquisadora.
O mais grave é que grande parte destes resíduos é descartada em locais inapropriados, resultando em sérios impactos ao meio ambiente. “A falta de tratamento destes resíduos e seu descarte inadequado, podem prejudicar não somente os organismos e ecossistemas aquáticos, mas também, quando em terra, constituir uma via de proliferação de vetores e transmitir doenças à população local”, afirmou.
Ela explica que a Lei Estadual nº 6.713, da Política de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará, publicada em 25 de janeiro de 2005, veda às indústrias de beneficiamento de pescado o lançamento de resíduos em qualquer ambiente natural sem prévio tratamento. “O reaproveitamento dos resíduos do processamento, além de ser uma alternativa ambiental, reduzindo seu lançamento em locais impróprios, também é uma alternativa social, através da geração de empregos e econômica, visto que as empresas reduzirão os custos com o tratamento dos resíduos e gerarão receitas para si mesmas”, afirmou.
Para produzir a farinha de peixe, foram adquiridos dois lotes de resíduos para o experimento, nos meses de junho e setembro, constituídos de cabeças, carcaças, espinhas, nadadeiras, barbatanas e caldas de piramutaba.
Os resíduos passaram pelos processos de lavagem, cocção, moagem, secagem, trituração e peneiração para a obtenção das farinhas. E os resultados foram consideráveis: a farinha feita a partir destes resíduos apresentou cerca de 60% de proteínas e 10% de lipídios. “Esta pesquisa demonstrou que é possível obter farinha de peixe de primeira qualidade a partir de resíduos das indústrias processadoras de pescado, a qual pode ser empregada na alimentação animal”, afirmou.
Veículo: O Liberal - PA