Produção restrita pode sustentar açúcar e café

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As chamadas "soft commodities" (açúcar, café, cacau, suco de laranja e algodão), para as quais a principal referência global de preços é a bolsa de Nova York, também encerram 2008 sob forte pressão em virtude do agravamento da crise financeira global. 

 

As cotações dessas commodities, ligadas a produtos mais dispensáveis em tempos de menos dinheiro no bolso dos consumidores, despencaram no quarto trimestre de 2008 e iniciam 2009, tais como os grãos, com um cenário que não dispensa novas retrações. 

 

Também como milho, trigo e soja, a influência do dólar e das oscilações do petróleo nas "soft" deve seguir importante, como nota Michael McDougall, vice-presidente da Newedge, corretora com sede em Nova York. 

 

Apesar da pressão financeira e de fundamentos negativos em alguns casos, como o do açúcar, cuja produção global aumentou, as "soft commodities", exceto o suco, fecham 2008 com médias anuais superiores às de 2007, segundo cálculos do Valor Data baseados nos contratos futuros de segunda posição de entrega. 

 

Nesse critério, e com as contas de 2008 fechadas em 29 de dezembro, o cacau apresenta a maior valorização - 34,98%. Como todos os demais produtos, contudo, a baixa observada no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior foi forte. 

 

Diante das incertezas, Thomas Hartmann, da TH Consultoria, vê "sinais de melhoras construtivas para os preços da amêndoa", por causa da expectativa de menor produção global - mas isso apenas se as influências financeiras e o impacto da desaceleração econômica no consumo mundial de chocolate permitirem. 

 

Para o açúcar, que encerra 2008 com preço médio 28,57% superior ao de 2007, a tendência de queda da oferta de importantes países produtores, como a Índia, abre espaço para novas recuperações após as quedas do quarto trimestre de 2008, conforme Plínio Nastari, da consultoria Datagro. 

 

O café também poderá ter um cenário de preços positivo, uma vez que haverá equilíbrio entre a oferta e a demanda globais, afirma Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP). Importantes países produtores, como Brasil, Colômbia, Vietnã e Indonésia, também devem registrar queda na produção. No caso do Brasil, a menor oferta refletirá a bianualidade da safra (produtividade menor a cada dois anos). 

 

Apesar das intempéries a partir de meados de setembro passado, o café fecha 2008 com cotação média anual 12,24% superior à de 2007 em Nova York, conforme os cálculos do Valor Data. 

 

Para algodão e suco de laranja, o cenário é até mais nebuloso, afirma Michael McDougall, da Newedge. "O mercado de algodão está atento aos movimentos do governo chinês, que poderá comprar o produto para elevar os preços internos (...) Os preços também vão depender de dólar e petróleo" O algodão concorre no mercado com a fibra sintética, e isso foi um impulso para que sua cotação média anual subisse 11,75% em 2008. 

 

Já o suco dependerá da demanda. As cotações não sofreram impacto do período de furacões na Flórida em 2008, mas sofreram com a grande volatilidade. O produto encerra 2008 com preço médio 29,28% menor que em 2007. 

 

Veículo: Valor Econômico


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