Confecções mantêm expectativas positivas para o próximo ano

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A demanda do final do ano manteve em alta as vendas da indústria têxtil. Jaison Bogo, presidente da Santa Catarina Moda Contemporânea (SCMC), entidade que reúne 12 empresas, como Karsten, Buettner, Hering, Marisol, Colcci e Dudalina, disse que em outubro e novembro houve pequenos cancelamentos e adiamentos de pedidos porque os lojistas estavam assustados com as notícias da crise financeira e achavam que não iam vender. "A coleção de verão foi totalmente comercializada", afirmou. Para 2009, a previsão das empresas é de pelo menos a manutenção dos resultados, já que o consumo não depende dos financiamentos. Outro ponto positivo é a alta do dólar, que deve elevar as exportações e reduzir a entrada de produtos importados.

 

"O momento é de buscar soluções para retração do crédito das linhas de exportação (ACC e ACE), mas espera-se que mesmo diante das dificuldades as exportações voltem a crescer, aproveitando a desvalorização do real frente ao dólar", disse o diretor de Exportação e Marketing da Teka, de Blumenau (SC), Marcello Stewers.

 

O diretor da Teka afirma que em 2009 a empresa pretende retomar as exportações perdidas nos últimos dois anos. A participação das vendas externas no faturamento, hoje de 18%, poderá chegar a 32%. "A Teka foi a têxtil que menos saiu do mercado externo e manteve canais importantes mesmo com o dólar muito ruim. Agora vamos nos beneficiar disso", disse. Entre janeiro e setembro de 2008, a receita bruta de R$ 283,7 milhões cresceu 6,64% em relação ao mesmo período do ano passado. Stewers disse, no entanto, que em dezembro, clientes com problemas em obter linhas de crédito pediram mais prazo para os pagamentos, mas não houve redução ou cancelamento de encomendas.

 

De janeiro a novembro as exportações brasileiras de produtos têxteis somaram US$ 2,22 bilhões, ou 4,63% acima de igual intervalo de 2007, em volume a alta foi de 9,56%, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)

 

Jaison Bogo, também proprietário da Maré Cheia, em Blumenau (SC), disse que o varejo não deixou de comprar, mas pediu mais prazo. "Quem pagava em 60 dias pediu 90 e quem pagava em 90 pediu 120", disse. Segundo ele, as empresas que precisavam de capital e de dinheiro de bancos estão inadimplentes. A Maré Cheia também conheceu a inadimplência que era zero e agora atinge 2% das vendas.

 

Para a nova estação, a empresa está com pedidos fechados até março de 2009 e com toda a coleção de inverno vendida, produz vestidos de tafetá, malhas de viscose e blusas de seda para grifes famosas e butiques de grandes marcas. São peças de maior valor agregado. Do total de 50 mil peças produzidas por mês, 20% são exportadas para a marca Zara no Mercosul. Sobre o comportamento das exportações, Bogo não faz projeção.

 

As tradicionais férias coletivas do setor têxtil entre 21 de dezembro e 10 de janeiro não foram estendidas. Na Maré Cheia, a primeira entrega de roupas está pronta no setor de expedição esperando autorização do cliente para faturamento, o que deverá ocorrer em meados de janeiro. Bogo não teme desistência de pedidos, já que as vendas para o Natal estão muito aquecidas, mesmo em Blumenau, cuja economia se recupera de uma calamidade provocada pelas enchentes. Prevê, ao contrário, procura acentuada de saldos e estoques de verão

 

A Maré Cheia vai faturar aproximadamente R$ 6 milhões em 2008, resultado 17% superior a 2007. Bogo diz que todo o lucro foi investindo na abertura de quatro lojas próprias, que foram batizadas de Iriá, abertas em Brusque (SC), Balneário Camboriú (SC) e duas em Blumenau. Para 2009, prevê investir R$ 300 mil e abrir mais seis lojas, em Joinville, Florianópolis, Curitiba (PR) e Gramado (RS). Em 2009, o empresário estima crescimento de 25% na receita contando com a soma das vendas das novas unidades. Seus maiores clientes são gaúchos e paranaenses. Planeja investir R$ 1,2 milhão em uma sede própria, mas o projeto vai depender da negociação de taxas de juros e prazos de pagamento com os bancos.

 

Para o gerente de operações da One Store, Carlos Vitorino, a crise abalou os setores automotivo e de bens duráveis, que precisam de linhas de crédito acessíveis e baratas. A loja vende produtos da linha Marisol. "O dinheiro que iria para a entrada do veículo, foi para a confecção. Com isso mantemos uma certa perenidade nos resultados."

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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