"Se o ano terminasse em outubro, 2008 seria sensacional", afirmou Eduardo Toni, diretor de marketing da sul-coreana LG Eletronics no Brasil. Não poderia ser diferente. A empresa, que planejava fechar o ano com alta de 30% no faturamento e ultrapassar os US$ 3 bilhões, foi surpreendida pelos reflexos da crise econômica internacional no Brasil, como a escassez do crédito, que afetou as vendas a prazo. "Até outubro vínhamos acima de 30%, mas no último trimestre, por exemplo, estamos com estabilidade em relação ao ano passado."
Diante desse cenário de crise, as previsões para o primeiro trimestre do ano são conservadoras, já que o impacto da valorização do dólar nos últimos meses só será sentido a partir de janeiro, quando os novos pedidos, com dólar mais caro, começarem a chegar às lojas. Segundo Toni, a expectativa é manter o volume vendido nos três primeiros meses de 2009 em relação ao que foi realizado no mesmo período de 2008. Neste mês, as compras de matérias-primas, por exemplo, já estão cerca de 10% menores em relação ao mesmo mês do ano passado.
Mas a expectativa para 2009 é positiva. "Nós vendemos produtos de alto valor agregado, com tecnologia de ponta e fomos fortemente impactados. A crise de crédito impacta muito o nosso negócio. Mas eu continuo acreditando que o brasileiro não vai deixar de comprar. Sempre vai caber uma prestação no bolso. Não estamos vendo um cenário negro para o ano que vem", disse.
A partir do Dia das Mães, o mercado deve retomar as vendas, acredita Toni. Para o ano, o executivo contou que o crescimento não deve repetir os 38% de 2007, nem mesmo chegar próximo dos 30%, como está programado para 2008, mas deve ser um ano positivo. "Em linha branca vamos crescer bastante. Outros segmentos nem tanto, mas no geral vamos crescer", disse.
E a empresa ainda estuda nacionalizar a produção de linha branca. "Os planos estão sendo revistos. Tem uma variável que é a crise mundial, mas não abandonamos o projeto", disse. "Nós acreditamos que a crise é passageira. Sabemos que o Brasil nunca esteve tão preparado para enfrentar uma situação dessa como hoje", afirmou.
Blu-ray
Além de possíveis investimentos para nacionalizar a produção de linha branca, a empresa acaba de trazer ao Brasil a produção de aparelhos Blu-ray - tecnologia de reprodução de imagens em alta definição, substituta do DVD. "O volume ainda é pequeno e o preço já caiu bastante. Assim que começarmos a ter escala e outros fabricantes iniciarem a produção no Brasil, o preço vai cair ainda mais", disse Toni.
Para 2009, a empresa já tem planejado um investimento na fábrica de Taubaté, que tem capacidade de produção de 12 milhões de celulares por ano. Outro plano da empresa para 2009 é ampliar a presença em produtos com tecnologia para receber o sinal digital. "Continuamos acreditando em TV digital. É um processo irreversível que não aconteceu com a velocidade esperada. Mas estamos planejando uma série de lançamentos em TV Digital para março", disse.
No início de 2008, a LG interrompeu a produção de televisores de tubo (CRT) tradicional e focou apenas nos aparelhos de tubo e telas planas, o chamado tubo slim. "Não fazíamos grandes volumes. Era só para atender alguns clientes", disse.
Indefinições em Manaus
Em 2007, o governo do Amazonas passou a pressionar a LG para mudar o enquadramento na lei de incentivos fiscais, da antiga Lei Hanan, para a 2.826, que uniformizou as alíquotas para todas as empresas. Em 2002, quando o estado reviu as normas, a empresa optou por permanecer na lei antiga enquanto as demais indústrias migraram para a nova lei.
Agora, existe uma disposição do governo de negociar com a empresa para enquadrar a LG na mesma lei de benefício concedida às outras empresas. "Nós ainda estamos negociando com o governo do estado. Nós temos um amparo legal", disse.
Veículo: Gazeta Mercantil