Brasil já é segundo mercado mundial de produto de beleza

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A mania do brasileiro de passar perfume e o gosto por cosméticos e cuidados pessoais fez do Brasil o segundo maior consumidor mundial de produtos de beleza, superando o Japão. Até 2007, o país estava em terceiro lugar, com japoneses e americanos em segundo e primeiro lugar, respectivamente. Mas em 2008 o faturamento do setor aumentou para R$ 24,54 bilhões, levando o mercado nacional a subir uma colocação no ranking, segundo João Carlos Basilio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). "Crescemos 10,4% em vendas, enquanto o mercado japonês e o americano devem apresentar uma retração", afirma. 

 

Nas grandes indústrias do setor, o crescimento superou o percentual geral registrado pela associação. As vendas de O Boticário, por exemplo, devem fechar com um aumento de 16% a 18% sobre o ano anterior. E as perspectivas para o ano que vem continuam otimistas. "Em 2009, a empresa tem condições de crescer mais que o mercado, como em anos anteriores", diz o presidente Artur Grynbaum, que assumiu a companhia em fevereiro. Desde que foi fundada, há 31 anos, a empresa era tocada por Miguel Krigsner, que foi para o conselho de administração e repassou a função para o cunhado Grynbaum. 

 

Para 2009, ele planeja a abertura de ao menos mais 100 lojas - atualmente são 2,6 mil, com investimentos no mínimo iguais aos de 2008, de R$ 175 milhões. "A crise não vai atrapalhar nossos planos. A empresa possui itens com preços variados e as pessoas costumam investir em produtos de beleza quando enfrentam dificuldades", afirma Grynbaum. 

 

Na Natura, em que novos executivos também passaram a fazer parte da diretoria, a expectativa é tão otimista quanto a da concorrente, com influência dos bons resultados deste ano. "Nos nove primeiros meses de 2008, crescemos 20,9% em relação ao lucro operacional do mesmo período de 2007", diz José Vicente Marino, ex-presidente da Johnson & Johnson, que desde março está na vice-presidência de negócios da Natura. Até o início deste ano, a empresa vivia uma de suas piores fases desde a abertura de capital. Em 2007, as ações registraram perdas de 41,36%. Este ano, a curva se inverteu. "Com toda crise que abalou o mercado, nossas ações se tornaram um porto seguro", afirma ele, se referindo a alta acumulada de 25% até 22 de dezembro - enquanto os papéis de pesos-pesados da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), como a Vale, caíram mais de 50% no ano. 


Em relação a 2009, a empresa se prepara "para o que der e vier." "Não se sabe qual será o impacto que a crise poderá provocar. Por isso procuramos prever vários cenários, dos mais drásticos aos mais amenos e temos um plano de ação para cada um deles", diz Marino. De qualquer maneira, segundo ele, os investimentos adicionais (acima de um patamar que a empresa não divulga) de R$ 400 milhões previstos para 2008, 2009 e 2010 continuam mantidos. 

 

A expressiva alta de vendas vem fazendo do Brasil uma das molas propulsoras do crescimento mundial da americana Avon, maior empresa de vendas porta a porta de cosméticos do mundo. "Até o terceiro trimestre, nosso crescimento na América Latina foi de 25%, sendo o Brasil o maior mercado", diz Ricardo Patrocínio, diretor de marketing da empresa. "A crise ainda não chegou no Brasil. Sabemos que vai chegar, porque nenhum país passará ileso. Mas não sabemos quando e nem com qual intensidade", acrescenta. Apesar da incerteza, ele acredita que as vendas vão crescer em 2009. 

 

Para impulsionar os negócios, a companhia planeja fazer por aqui lançamentos simultâneos aos dos Estados Unidos. E aposta na força da atriz Reese Witherspoon como garota-propaganda. Seu contrato com a fabricante, iniciado em 2007, é estimado pela imprensa americana em US$ 30 milhões. "Em época de crise, a consumidora não tem dinheiro para gastar com qualquer coisa. Por isso, compra o melhor. E a Reese reforça o conceito de produto de qualidade que a Avon conquistou." 

 

Veículo: Valor Econômico


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