Retração na celulose veio antes da crise

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A queda nos lucros dos maiores conglomerados mundiais do setor de papel e celulose, contabilizada no terceiro trimestre de 2008 em comparação com igual período de 2007, confirmam o enfraquecimento dos negócios, independente da crise econômica instalada após setembro. Essa é a conclusão de um levantamento feito pela consultoria PricewaterhouseCoopers junto às maiores companhias.

 

Nos EUA, entre as nove maiores companhias norte-americanas de papel e celulose listadas em bolsa houve um recuo de 15,6% nos lucros em geral, caindo de US$ 957 milhões registrados no terceiro trimestre de 2007 para US$ 808 milhões em 2008. O lucro líquido da Kimberly-Clark, por exemplo, caiu de 8,8%, passando de US$ 453 milhões para US$ 413 milhões. Já a International Paper viu o lucro encolher 31,3%, de US$ 217 milhões em 2007 para US$ 149 milhões no ano seguinte. A MeadWestvaco sofreu queda de 55,4%, passando de US$ 121 milhões para R$ 54 milhões. Mas a maior queda foi registrada pela Boise Cascade que passou de um lucro de R$ 49 milhões para um prejuízo de R$ 208 milhões.

 

As empresas européias ficaram em situação ainda pior. As seis maiores companhias tiveram prejuízo somado de US$ 314 milhões no terceiro trimestre de 2008, ante um lucro de US$ 275 milhões em igual período de 2007. As perdas financeiras puderam ser observadas em todas as corporações, com destaque especial para UPM que caiu de um lucro de US$ 164 milhões para um prejuízo de US$ 131 milhões. Já a Stora Enso conseguiu reduzir o prejuízo de US$ 377 milhões, registrados em 2007, para uma perda de US$ 179 milhões com ganhos de sinergia. A Norske Skog também deixou um lucro de US$ 36 milhões no terceiro trimestre de 2007 para um prejuízo de US$ 227 milhões em 2008.

 

Os canadenses não tiveram mais sorte que norte-americanos e europeus. A deterioração dos lucros no trimestre levou-os a amargar um prejuízo de US$ 529 milhões no terceiro trimestre, ante os US$ 173 milhões registrados anteriormente.

 

No restante do mundo, outras companhias também tiveram problemas, como demonstra o levantamento da PricewaterhouseCoopers. Quatro das maiores companhias de papel e celulose da América do Sul e da África do Sul reportaram perdas de US$ 407 milhões no terceiro trimestre de 2008, com queda em relação ao lucro de US$ 503 milhões obtidos no mesmo período de 2007. O maior destaque, porém, fica por conta de Aracruz, cujo prejuízo de US$ 546 milhões ante um lucro de US$ 105 milhões em 2007 é financeiro e não operacional.

 

"Claro, que estes números são estáticos, mas comparados ao ano anterior dão um retrato do momento e da uniformidade com que a queda nos lucros e no consumo está ocorrendo", explica o analista de papel e celulose da PricewaterhouseCoopers, Bruno Porto. Segundo o especialista, os números só confirmam a mudança do cenário internacional. "Com queda da demanda e as mudanças no câmbio em todo o mundo, a questão de custo de produção se torna mais crítica". Ele explica que a alta do dólar em diversos mercados, mexendo com a cesta de moedas no mundo todo, e a queda de preços da celulose, causarão efeitos diversos em cada região produtora. Dentro dessa nova realidade, quem tiver custos mais baixos, como o Brasil, pode sair ganhando. "Custo é a grande questão, principalmente se incluirmos transporte e energia, porque eles podem reduzir ainda mais os lucros ou cortar custos", acrescenta.

 

A China, porém, continuará sendo o principal balizador para o mercado, assim como para outras commodities. O impacto da retração chinesa ainda não está completamente dimensionado, na opinião do especialista.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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