A crise financeira internacional e a redução do crédito não desanimam a fabricante de cosméticos Muriel, que produz sabonetes, xampus e desodorantes, entre outros itens de cuidados com os cabelos e com a pele, tudo voltado para as classes C e D. "Por incrível que pareça, as classes de menor poder aquisitivo são as menos afetadas pela crise", disse Paulo Boldarim, presidente da empresa. "Com a menor disponibilidade de recursos, a população deixa de comprar bens duráveis, porque há dificuldade de financiamento, mas isso não afeta os bens não duráveis como os cosméticos", explicou.
Segundo o executivo, a empresa deve fechar o ano com um crescimento das vendas de aproximadamente 20%, para 8 milhões de unidades por mês, além de outros 3 milhões de unidades mensais de produtos fabricados para terceiros. O desempenho fica acima do registrado pelo setor de higiene pessoal e cosméticos, de 10,4%, para R$ 21,6 bilhões em 2008, conforme estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
Boldarim não divulga o faturamento da Muriel, mas destaca o crescimento da área de terceirização, que atingiu 7% do total da receita, em pouco mais de um ano de atuação. "Nossa intenção é que em 2009 esta área já responda por 15% do faturamento", disse o executivo, destacando que já existem contratos fechados que devem garantir tal crescimento. Entre os contratos está um fechado com o Wal-Mart, que desde o início de 2008 passou a comercializar os produtos Muriel. Até então a estratégia da empresa era colocar os produtos em estabelecimentos pequenos, mas agora a companhia decidiu investir em pontos com maior visibilidade.
Além de diversificar a atuação e garantir aumento de receita, a terceirização e a fabricação de produtos de marcas próprias para varejistas é uma maneira de reduzir a ociosidade da fábrica. Inaugurada em 2006, a planta tem capacidade para produzir 30 milhões de unidades por mês, mas produz menos de 15 milhões. Além disso, a empresa finaliza em 2009 um projeto de expansão de R$ 6 milhões que elevará a capacidade em 40%, para 42 milhões de unidades/mês.
Apesar da visão otimista sobre a crise, Boldarim mantém-se cauteloso em relação a 2009. "Ainda precisamos ver o impacto do desemprego no País e as medidas do governo, mas devemos crescer entre 5% e 10% em 2009", diz.
Veículo: Gazeta Mercantil