Após atingir um faturamento de R$ 7,5 bilhões em vendas para o consumidor final no Brasil em 2012, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), o mercado de licenças inicia seu processo de expansão, buscando outros locais como os Estados Unidos e a Europa. Com a crescente presença no exterior de personagens criados no Brasil, como a Galinha Pintadinha, Patati Patatá, Peixonauta e AmigãoZão, o segmento está em um processo de exposição das licenças nacionais para possíveis compradores estrangeiros.
Em entrevista exclusiva ao DCI, a presidente da Abral, Marici Ferreira, aponta que o processo está no início. "É uma ótima oportunidade, mas a princípio não muito fácil, até porque o exterior ainda não conhece bem as marcas brasileiras. Mas há um grande potencial, pois elas têm hoje uma projeção grande no Brasil. Nosso foco maior hoje é mostrar o que temos de bom. Vamos primeiro aprender a fazer negócio fora do país, buscando essa exposição", comenta a executiva.
Hoje, o Brasil é o quinto país em faturamento de licenciamento de marcas no mundo, atrás de México, Canadá, China e Estados Unidos. De acordo com a presidente da Abral, com a exposição de marcas brasileiras em outros países, o faturamento brasileiro pode se aproximar mais dos líderes no setor.
"É muito mais fácil fazer sucesso onde se conhece o consumidor, do que onde não se conhece. Os Estados Unidos, por exemplo, vendem U$ 110 bilhões de dólares por ano de produtos licenciados. É possível que, com vendas no exterior, nosso faturamento, hoje de R$ 7,5 bilhões, cresça mais".
A presidente da Abral projeta ainda que o faturamento com produtos licenciados aumente de 5% a 8% neste ano, e novidades sejam observadas. "Há uma tendência muito forte no Brasil de começar a se trabalhar mais com marcas e esportes, mas é um processo vagaroso. Acredito que haverá uma estabilidade na venda de produtos infantis, mas para o público adulto deve crescer". Atualmente, cerca de 70% do mercado de licenciamento são de entretenimento, envolvendo personagens de desenhos e animações.
Uma parceria entre a Abral e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) levará 13 licenciadores e agentes de licenciamento para exporem suas marcas na maior feira do segmento no mundo, o Licensing Expo, em Las Vegas (EUA), entre os dias 18 e 20 de junho. Uma das empresas presentes no Licensing Expo será a Fico Surfwear, que vende peças de vestuário, acessórios e mochilas. Segundo Raphael Levy, sócio-diretor da Israco, empresa responsável pela venda de licenças da Fico, a presença mais frequente de marcas brasileiras deve aumentar, ao contrário do que se viu nos últimos anos.
"Fomos convidados pela Apex-Brasil para participar da feira de Las Vegas. Vamos preparados para vender licenças a outros países, como, por exemplo, o México". O empresário afirma que outros países, como Costa Rica e Guatemala, já procuraram a Fico, mas procurando comprar produtos, não licenças.
A marca também busca expandir com produtos voltados a crianças de até seis anos. Recentemente, a Fico firmou parceria com a TV PinGuim, estúdio desenvolvedor do desenho animado Peixonauta, para lançar a linha 'Fico nas Ondas do Surf'. "A TV PinGuim é responsável por toda parte de criação de conteúdo e nós operamos com as vendas de licenças. São cinco personagens, com uma proposta de abordar o surfe e as praias brasileiras. Esse projeto está indo para os Estados Unidos com o nome 'Fico Go Surf'", retrata o sócio-diretor da Israco.
Mercado Interno
No Brasil, o segmento que mais utiliza licenciamento é o de confecções, seguido por papelaria, brinquedos, calçados, higiene e, por fim, alimentos.
A Village assinou nesta semana um contrato para vender produtos com temática da série de TV Chiquititas. A empresa conta hoje com seis licenciamentos, entre eles dos personagens Galinha Pintadinha, Looney Tunes e Patati Patatá.
Reinaldo Bertagnon, executivo do grupo Village, afirma que o peso que os produtos licenciados têm sobre o faturamento da empresa deve crescer. "Os licenciados representam cerca de 35% no faturamento de ovos de páscoa e até 10% no de panetones.
Agora estamos mudando um pouco o perfil e começando a trabalhar com produtos voltados para o dia a dia. Isso tudo deve elevar nosso faturamento."
Bertagnon ainda explica que há restrições para serem vendidos fora do Brasil.
"Só podemos exportar esses produtos com licenciamento nacional, após negociar com licenciador, mas essas marcas não são tão conhecidas lá fora. Logo, é necessário um trabalho de exportação dos personagens", finaliza o executivo.
Veículo: DCI