Lojas fazem liquidações agressivas

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Janeiro começou com liquidações mais ousadas em relação a anos anteriores e os descontos anunciados são de até 80% para itens de maior valor, como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. As promoções estão concentradas em produtos que nem foram retirados das caixas, o que revela que os estoques continuam altos no comércio, mesmo depois do Natal.

 

"As promoções estão mais agressivas neste ano e grande dúvida é saber quando os lojistas voltarão a comprar da indústria", afirma o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri. Será a reposição dessas mercadorias que dará o ritmo da atividade das fábricas neste início de ano. O economista observa que, em janeiro de 2008, as liquidações foram feitas com produtos de mostruário. Neste ano, são com itens encaixotados.

 

A primeira leva de liquidações, que começou logo após o Natal, já teve reflexo positivo nas vendas de dezembro. Até 25 de dezembro, o número de consultas para vendas a prazo e à vista crescia 1,6% ante o mesmo período de 2007. Mas o mês fechou com quase 2%. "As liquidações ajudaram", diz Alfieri.

 

A partir de 2 de janeiro começou uma nova leva de liquidações na maioria dos grandes varejistas de móveis e eletroeletrônicos. Depois do saldão de Natal, as Casas Bahia iniciaram uma liquidação para todas as lojas, com descontos anunciados de até 70%. De acordo com a empresa, o evento dura até que os estoques terminem.

 

O Wal-Mart, que normalmente não faz saldões nem liquidações, encerrou ontem um saldão iniciado em 2 de janeiro para itens de informática, eletrodomésticos e eletrônicos, com descontos de até 60%. A empresa não revela os resultados da promoção. Informa apenas que os itens de informática foram os mais procurados.

 

O Carrefour foi outra rede que encerrou ontem a liquidação de 5 mil itens entre artigos de bazar, eletroeletrônicos e têxteis. A empresa informa que superou a meta de ampliar em 20% as vendas no período. A liquidação do concorrente Ponto Frio, iniciada no dia 2, termina hoje. A empresa não revela os porcentuais de descontos. Só diz que dá abatimentos sobre as melhores ofertas de 2008.

 

Já as Lojas Cem optaram por dois dias de promoções, na sexta-feira e no sábado da semana passada, quando vendeu todos os itens da loja em dez vezes sem juros. "Optamos pelo parcelamento sem juros porque temos capital próprio e queremos nos diferenciar", diz o supervisor geral, Valdemir Colleone.

 

Ele acrescenta que esse tipo de facilidade de pagamento atrai o consumidor, já que a maioria da população não tem dinheiro disponível para pagar à vista. O resultado, segundo o executivo, foi mais que satisfatório: ampliou em 85% as vendas em relação aos mesmos dias do ano passado e se equiparou ao movimento do 22 de dezembro, o melhor dia de vendas do mês passado. Segundo Colleone, a venda parcelada foi teste para futuras promoções.

 

Ao que tudo indica, uma nova rodada de promoções deve ocorrer no fim desta semana em resposta à tradicional liquidação do Magazine Luiza. Marcada para sexta-feira, dia 9, pela primeira vez a megapromoção batizada de "Liquidação Fantástica" chega a São Paulo. As 447 lojas abrem as portas às 6h, com descontos de até 70%.

 

Especialistas dizem que a maior agressividade das liquidações reflete as restrições de capital de giro do varejo em razão da crise de crédito que atinge as empresas desde setembro do ano passado.
 


Confiança do consumidor é a menor desde 2005

 

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu neste mês o menor nível desde novembro de 2005, segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Em janeiro, o indicador ficou em 124,4 pontos, com queda de 2% na comparação com dezembro. Em novembro de 2005, o ICC estava em 117,39 pontos e em janeiro de 2008, em 142,81. "O ICC é um indicador antecedente importante para as vendas veículos", observa o economista da entidade, Thiago Freitas. Ele lembra que em setembro último o ICC recuou e, dois meses depois, as vendas de automóveis despencaram.

 

O recuo foi puxado para baixo principalmente pela queda nas expectativas futuras, que caiu 3,1%, enquanto o índice de confiança da situação atual ficou praticamente estável (-0,1%). O economista pondera que, apesar do recuo do ICC, o resultado ainda reflete otimismo, uma vez que o indicador ficou acima de 100, a marca do equilíbrio.

 

A queda maior no índice de confiança futuro (3,8%) ocorreu entre pessoas que recebem mais de dez salários mínimos mensais (R$ 4.150). Já para o consumidor abaixo dessa faixa de renda o índice caiu 2,2%. "Esse resultado era previsível, pois quem tem mais informações sobre a crise está mais preocupado." M.C.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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