Em praças e terrenos ociosos, a poucos metros de ruas e avenidas, hortas cultivadas pela comunidade se espalham por bairros paulistanos, como Pompeia e Vila Madalena, e produzem de couve a feijão
Seu Inácio Neres, 68, sai de casa, atravessa a rua e abre o portão baixo, improvisado com uma tela. No chão argiloso, cortado por dez canteiros cobertos por terra fofa, ele ergue o tecido que os protege e passa a meia hora seguinte regando mudas de alface, couve, coentro, pimenta...
A cena parece descrever o cotidiano de uma cidade do interior, mas acontece toda manhã na Vila Nova Esperança, no limite de São Paulo com Taboão da Serra. E não é de todo estranha à metrópole.
Seu Inácio tem a companhia de gente que faz o mesmo na Pompeia, na Vila Beatriz, na Vila Industrial e até na avenida Paulista com a rua da Consolação.
Muitas regiões da cidade viram, nos últimos meses, moradores saírem de casa e tomarem para si praças e terrenos ociosos (alguns abandonados, outros da prefeitura) erguendo hortas comunitárias, nas quais qualquer um pode pôr a mão na terra.
É só chegar e ajudar a plantar. Ou colher e levar para casa --gratuitamente, sem preços inflacionados (como o caso recente do tomate).
De setembro do ano passado até hoje, seis espaços assim foram criados --quatro neste ano. Mais quatro devem ser inaugurados nos próximos meses: no Butantã, em Brasilândia, na Faculdade de Medicina da USP (em Pinheiros) e no Centro Cultural São Paulo (na Liberdade).
A reportagem visitou nove hortas comunitárias da cidade e conta a experiência.
Veículo: Folha de S.Paulo