Depois de ter passado 2008 arrumando a casa, o Grupo Pão de Açúcar se diz pronto para mostrar a cara este ano. Além de manter a saúde financeira da empresa, de crescer organicamente (o número de abertura de lojas pode ser superior a 100 unidades) e de ganhar participação de mercado, a companhia, que está com um caixa de R$ 4,2 bilhões, mostra disposição para realizar novas aquisições: está avaliando 15 empresas. "Não nos prepararmos para uma crise, embora a situação atual da empresa nos permita passar melhor por ela. Nos preparamos para um crescimento agressivo em 2009", afirma o presidente do Grupo, Cláudio Galeazzi.
Há cerca de dois meses, a empresa formou uma equipe específica para buscar possíveis alvos de aquisições. Entre as 15 empresas com as quais o Pão de Açúcar vem mantendo negociações, estão não só varejistas regionais, mas empresas de outros segmentos como redes de drogarias e postos de combustível. "Não é porque estamos com caixa que vamos comprar uma empresa. É preciso que ela faça sentido para a companhia", pondera Galeazzi. Captar recursos no mercado para realizar aquisições está, segundo o executivo, entre as últimas opções da companhia. "Se precisarmos disso, estaremos bem na frente dos demais", diz Galeazzi, considerando, por exemplo, a participação da Financeira Itaú CBD (FIC).
A empresa prevê, por enquanto, cerca de R$ 1 bilhão para investimentos em 2009, incluindo na conta, abertura de lojas, investimento em TI e compra de terrenos.
Na direção da companhia desde dezembro de 2007 - contratado com a missão de e melhorar o retorno sobre o capital investido, elevar vendas, reduzir despesas e aumentar ganhos de eficiência -, Galeazzi, lembra que o valor de investimento da empresa previsto para o ano passado foi reduzido. Inicialmente calculado em R$ 1,3 bilhão, passou para R$ 700 milhões, e acabou não chegando a R$ 500 milhões efetivamente. "Bom senso é o que determinava o nível de investimento", diz o executivo afirmando que a fórmula vai ser repetida este ano.
Em momentos de crise, a empresa sabe que para ganhar participação de mercado, pode ter significar eduzir suas margens. No ano passado, elevou sua presença em um ponto percentual para 33,5%, segundo indicador Scantrack, da Nielsen, apresentado pela varejista.
A aposta da varejista está nas negociações com fornecedores, que seriam favorecidas pela crise. A tese do Pão de Açúcar é de que para não ficar com estoques, fornecedores estariam mas abertos a negociações. "Se aumentarem o preço e quiserem manter o volume de vendas, vão vender para quem?", questiona o executivo, acreditando que seus concorrentes também vão manter posicionamento rígido em relação ao assunto.
No último ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado no ano passado e referente a 2007, a varejista perdeu a primeira posição para a francesa Carrefour. Galeazzi não diz abertamente que recuperá-la seja uma das metas da empresa. "Nosso objetivo, em primeiro lugar, é ter bons resultados. Com uma performance boa, o crescimento vai ser consequência."
Em 2008, o Grupo registrou faturamento bruto de R$ 20,85 bilhões e as vendas líquidas, já afetadas em dezembro, totalizaram R$ 18,03 bilhões no ano, o que representa crescimentos de 18,2% e 21% respectivamente , em comparação ao ano anterior. No conceito mesmas lojas (abertas há pelo menos um ano), as vendas brutas cresceram 8,5% no ano e 2,6% deflacionadas pelo IPCA. Com o controle de estoques implementando, reduzindo de 42 para 36 dias o período de giro de mercadorias.
Veículo: Gazeta Mercantil