Com R$ 1,4 bilhão em caixa, Pão de Açúcar avalia aquisições

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O Grupo Pão de Açúcar abriu a temporada de caça às oportunidades que começam a surgir com a crise de liquidez no mercado de crédito. Em duas frentes, pelo menos, a varejista enxerga boas perspectivas de negócio: a aquisição de redes com problemas de caixa e a compra de terrenos, cujos preços estão em queda devido aos percalços financeiros enfrentados pelas construtoras. Muitas delas precisam se desfazer de imóveis para levantar recursos. 

 

Após reduzir drasticamente os seus investimentos e passar por um amplo processo de corte de despesas em 2008, o Grupo Pão de Açúcar começa 2009 com um caixa robusto. Em setembro do ano passado, a empresa possuía disponível R$ 1,4 bilhão e que, agora, poderá ser desembolsado para tirar proveito das pechinchas que possam parecer. 

 

Claudio Galeazzi, consultor que implementou o processo de reestruturação e que assumiu há um ano a presidência do Grupo Pão de Açúcar, criou há cerca de dois meses uma diretoria específica para analisar aquisições. "Atualmente, estamos estudando 15 possíveis negócios", disse Galeazzi, que também contratou a firma de consultoria PricewatersCoopers e o banco BBA para assessorar a companhia nas negociações. Desde que a crise no mercado de crédito agravou-se, não só vem aumentando o número de empresas à venda como as condições exigidas pelos controladores amainaram. "O diálogo (com os controladores) ficou mais fácil" afirmou Galeazzi. 

 

Ao escalar um time dedicado às aquisições, o Grupo Pão de Açúcar pretende fazer com que esse processo ocorra de maneira mais planejada e estratégica. A cadeia de supermercados não descarta comprar redes de outros setores, como drogarias. Questionado se também haveria interesse na aquisição de varejistas de eletrodomésticos, Galeazzi respondeu que sim, apesar de esse setor não ser um alvo para o grupo. "Em alguns casos, o que mais importa são os pontos". 

 

Um dos reflexos positivos da crise para o varejo foi o estouro da bolha imobiliária e a recente queda nos custos de construção. Desde 2006, com a acentuada valorização dos preços dos imóveis, muitos terrenos passaram a ser economicamente inviáveis para um supermercado. A disputa com as construtoras pelas áreas disponíveis era acirrada e os donos dos imóveis passaram a pedir, além de preços elevados, pagamentos à vista. Segundo Caio Mattar, vice-presidente que responde pela divisão imobiliária e pelas operações de comércio eletrônico do Pão de Açúcar, a oferta de terrenos vem aumentando e os preços já começam a atingir patamares mais "razoáveis". 

 

Embora enxergue boas oportunidades de aquisição, Mattar evitou comentar se a companhia aproveitou os dois últimos meses para elevar o seu estoque de terrenos. "Já vínhamos comprando terrenos ao longo de 2008", disse o executivo. O estoque de imóveis do Grupo Pão de Açúcar mais que dobrou no passado. 

 

A varejista criou uma divisão específica para desenvolver o seu o braço imobiliário. A rede possui um grande número de galerias satélites dentro e ao redor de seus hipermercados, que abrigam hoje 3,5 mil outras lojas. A área bruta locável dessas galerias equivale a dois shoppings do tamanho do MorumbiShopping, em São paulo. 

 

Inicialmente, o Grupo Pão de Açúcar estabeleceu como meta investir R$ 1 bilhão em 2009, encerrando assim o jejum de 2008, quando apenas R$ 500 milhões foram gastos. Mas, com o agravamento da crise, a empresa decidiu colocar o orçamento de 2009 em observação. Segundo Galeazzi, ainda não está decidido se o plano de R$ 1 bilhão entrará em vigor. 

 

Veículo: Valor Econômico


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