Com a economia em ritmo lento e o consumo desacelerando, a Rexam, multinacional fabricante de latas de alumínio que detém 60% do mercado brasileiro, está usando a criatividade para crescer no país. A empresa vai ampliar sua linha de produção de latas especiais para conquistar novos mercados, como o das embalagens de 250 ml e as de 550 ml, ou com novos clientes, como a fabricante Pitu, que passou a enlatar sua aguardente.
A Rexam vem investindo em novas linhas. A recém-inaugurada unidade de Belém e a de Brasília vão ganhar, em 2014, uma linha "sleek", a latinha de 270 ml. A unidade de Brasília tem capacidade para 800 milhões de latas por ano. Já a fábrica de Pouso Alegre (MG) terá uma segunda linha para as lata de 710 ml, além de produzir a pequena de 250 ml. A capacidade da fábrica mineira é de 1,6 bilhão de unidades por ano.
Dados do balanço da empresa mostram que, na América do Sul, enquanto as vendas de latas comuns, as de 355 ml, cresceram 4%, os modelos especiais aumentaram 8%. "Somos a única empresa no Brasil que fabrica a linha de 250 ml. Para crescer, estamos oferecendo opções para os nossos clientes desenvolverem novos nichos", diz o presidente da Rexam para a América Latina, Carlos Medeiros.
A fábrica de Belém foi inaugurada em abril com capacidade total de 800 milhões de latas por ano. Vai atender a região Norte e parte do Nordeste, o Maranhão e o Ceará. "Abrimos fábricas onde os clientes instalam suas unidades. Isto porque o transporte das latas é muito caro: elas ocupam espaço e são muito leves", explica Medeiros.
Hoje, a capacidade de produção da empresa no Brasil é 15 bilhões de latas por ano. Mas em 2012, utilizou apenas 12 bilhões. O objetivo é ganhar parte desta capacidade ociosa para as linhas especiais.
No mundo, a empresa produz 7 milhões de latas por hora. Em 2012, faturou 4,76 bilhões de libras (US$ 7,2 bilhões), com crescimento de 4% em relação à 2011, e obteve lucro operacional de 537 milhões de libras. No Brasil, sua principal concorrente é a Crown.
A empresa não divulga os números do país, mas na América Latina, enquanto o mercado cresceu 7% em 2012, a empresa cresceu 5%. Medeiros diz que, no Brasil, a expansão do mercado foi de 6% e a Rexam esteve um pouco abaixo. Este ano, a expectativa é de que os números sejam próximos ao da expansão do PIB nacional.
Tradicionalmente usadas em energéticos, a embalagem "sleek" vem crescendo no mercado de cerveja. "Muitas vezes são os clientes que demandam a novidade. Mas, na maioria das vezes, somos nós que fazemos o projeto e mostramos a vantagem de utilizar a lata naquela embalagem." No caso da Pitu, a necessidade era uma embalagem que pudesse ser vendida na praia com tamanho menor que a garrafa e mais fácil de descartar. "É comum, no Nordeste, o consumidor beber cachaça na praia. A embalagem de latinha é mais fácil de transportar, de vender e até de descartar posteriormente", explica o presidente. Nos próximos meses, a cachaça Pitu, que já é vendida na lata de 350 ml normal ganhará a embalagem "sleek".
Hoje, a empresa tem 13 fábricas na América Latina, sendo onze no Brasil, uma no Chile e uma na Argentina. Entre as brasileiras, duas são de tampas de latas.
Veículo: Valor Econômico