Sephora puxa expansão do grupo LVMH

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Nem morta, Justine Le Sassier compraria uma bolsa Louis Vuitton. "Elas não têm nenhum apelo", afirmou a estudante de artes de 18 anos, enquanto fazia compras na avenida Champs-Elysées, em Paris. Felizmente para o grupo LVMH, controlador da Vuitton, apesar de Le Sassier não se dispor a desembolsar US$ 1,3 mil por uma bolsa, ela é louca pela base facial vendida por € 13,90 euros (US$ 18) na Sephora, rede de cosméticos e perfumes do mesmo conglomerado, que está em rápido crescimento. "Eu amo suas maquiagens", afirmou ela. "E o preço é razoável."

Com o crescimento das vendas da Vuitton em desaceleração de Barcelona a Pequim, atender compradores de produtos de beleza como Le Sassier está se tornando mais importante para a LVMH. É nesse cenário que brilha a Sephora - a chamativa loja "guarda-chuva" de diversas marcas de cosméticos e linhas de perfumes, como Lancôme, Bobbi Brown, Acqua di Parma e muitas outras. Uma série de itens acessíveis, como Batom Dior Addict a US$ 31 na Sephora, ajudarão a unidade Selective Retailing da LVMH ultrapassar, em 2018, moda e couro como seu maior negócio, acredita a Sanford C Bernstein. No ano passado, a divisão, que também inclui a loja de departamentos Le Bon Marché Rive Gauche, em Paris, e duas operadoras de freeshops, foi responsável por 28% das vendas, deixando a LVMH mais bem posicionada - em meio a um conjunto de rivais, como a PPR -, a resistir à estagnada demanda por artigos de luxo. "Sephora é uma categoria matadora", afirmou o analista Mario Ortelli, da Sanford C Bernstein.

A Sephora está introduzindo serviços como pagamentos móveis e ampliando sua variedade de produtos de marca própria para manter a demanda de seus clientes. A varejista está em expansão na Ásia e na América Latina [abriu a primeira loja no Brasil no ano passado] para aproveitar o crescimento da classe média nessas regiões. Em torno de 2018, o segmento Selective Retailing contribuirá com 13% para o crescimento de receita anual acumulada, prevê Bernstein, quase o dobro da estimativa da corretora para os negócios com moda e couro da LVMH e cerca de três vezes a previsão da Euromonitor Internacional para o crescimento das vendas de artigos de luxo.

Com sede em Paris e dono de mais de 60 marcas de luxo, entre elas o champanhe Dom Pérignon e as joias Bulgari, o grupo LVMH anunciou em abril suas mais fracas vendas de artigos de moda e de couro em mais de três anos. Após a marca Gucci, do também francês PPR, ter contabilizado na primavera deste ano [na Europa] seu mais lento crescimento de vendas desde 2009, o diretor financeiro Jean-Marc Duplaix atribuiu os resultados ao fato de a China não estar "tão aquecida como dois anos atrás".

As unidades da Sephora em Xangai e Hong Kong alimentaram um avanço de 17% nas vendas "mesmas lojas" - critério que compara o desempenho de pontos abertos há pelo menos um ano - da Selective Retailing no primeiro trimestre.

A comercialização de uma ampla gama de produtos para a pele e fragrâncias tem sido fundamental para o sucesso da Sephora desde que foi fundada, em 1969. Adquirida pela LVMH em 1997, tornou-se a maior varejista de produtos de beleza do mundo, com cerca de 1,3 mil lojas em 27 países. A Sephora planeja abrir cerca de 120 lojas por ano até 2017, estima Bernstein. A LVMH não quis comentar as perspectivas para a rede.

Na unidade da Sephora na avenida Champs-Elysées, produtos como cílios postiços da Dior por € 30,30 estão posicionados uma prateleira abaixo dos cílios de marca da própria varejista, a € 9,90. Marcas de primeira linha, um programa de fidelização e serviços como um estande voltado para cuidados com as unhas perto da entrada de algumas lojas atraem clientes, ao passo que a organização das mercadorias por categorias permite às consumidoras escolher entre produtos semelhantes e uma ampla gama de preços. "O modelo de negócios deles é muito inteligente", disse Joël Palix, presidente do Grupo Clarins Fragrance, que distribui seus perfumes Thierry Mugler por meio da Sephora.

Manter em estoque produtos exclusivos possibilita à Sephora limitar os descontos, ao passo que seus itens de marca própria rendem altas margens de lucro, segundo Palix.

Com o esfriamento das vendas de bens de luxo, produtos de beleza são a principal ferramenta para atrair consumidores aspiracionais, diz o analista Luca Solca, do Exane BNP Paribas. Como um batom custa um centésimo do preço de uma bolsa Vuitton e um milésimo de um relógio Hublot, diz ele, "perfumes e cosméticos são o luxo das massas".



Veículo: Valor Econômico


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