Depois de amargar retração em 2012, o setor de rações espera por uma recuperação neste ano. A expectativa é produzir 64,6 milhões de toneladas de rações e de 2,2 milhões de toneladas de sal mineral. Se atingidos esses números, o setor terá um crescimento de 3%, um percentual semelhante ao da queda sofrida no ano passado. Mas, segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, os preços dos insumos e a elevação do dólar preocupam.
Os dados do primeiro quadrimestre, no entanto, indicam ritmo tímido no setor. As indústrias produziram 14,6 milhões de toneladas de janeiro a abril, 1% menos do que no mesmo período do ano passado. "Não recuperamos as perdas de 2012", lembra Zani. "E os preços das commodities, em especial o milho e a soja [principais ingredientes da ração animal], apesar das quedas durante este ano, ainda estão muito acima na comparação com o início do ano passado."
Apesar dessa retração no início do ano, Zani, diz que a reação do setor poderá vir. Para isso, no entanto, deverá se concretizar a esperada reação da economia no segundo semestre.
O marasmo econômico internacional, a não reação interna e a inflação batendo no teto vão exigir moderação e esforços compartilhados de todos, diz o vice-presidente do sindicato.
O setor de aves, o principal da indústria de rações, iniciou o ano com o pé no freio. O consumo de ração na avicultura de corte caiu 4,2% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2012. Já a demanda pela avicultura de postura cresceu 3%.
Uma recuperação nos preços pagos aos produtores e a queda nos custos do farelo de soja e do milho vão estimular o alojamento e elevar a oferta de frango, acredita Zani. O setor de suinocultura, outro segmento importante para a indústria de rações, começou o ano com aumento de 1% no consumo. Se o custo de produção não sofrer tanta volatilidade, o consumo poderá crescer 2,5% no ano na suinocultura, acredita o executivo. No setor de bovinocultura de leite, a alta foi de 3%, enquanto no de corte houve estabilidade no primeiro trimestre em relação a 2012.
Embora com participações menores no volume total da indústria, a produção de rações para cães e gatos e para peixes e camarões é a que mais cresce neste ano, repetindo tendência ocorrida no ano anterior. Impulsionada pela classe média emergente, a produção para cães e gatos deve crescer 5% neste ano.
Zani lembra que "a economia brasileira não tem correspondido aos esforços dos empresários". "Houve uma retração também do consumidor o que faz com que não tenhamos uma expectativa de crescimento no ano. Seria uma satisfação se conseguirmos recuperar o que perdemos em 2012."
Zani destaca que a produção no ano passado foi de 63 milhões de toneladas de ração, 2,3% inferior ao de 2011. A queda maior foi na produção de suplementos minerais, que recuou 17%, pressionada pela 'evaporação do capital de giro', que provocou pedidos de recuperações judiciais. Outros fatores foram, além da explosão de preços dos farelos de soja e de milho, a redução do alojamento de matrizes, pintinhos e bovinos e do ritmo exportador. O dirigente observa que, no ano passado, a indústria brasileira "padeceu e sofreu de maneira geral", pois a taxa de investimento alcançou apenas 18% do PIB.
Veículo: DCI