Dos restaurantes para as gôndolas de fino trato

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Três fabricantes de alimentos apostam em parcerias com chefs antes de estrear no varejo

Para se diferenciar no mercado premium, três fabricantes de alimentos optaram por fazer sua estreia no mercado de luxo em restaurantes, ao invés de percorrerem a via sacra dos empórios e supermercados voltados para o público endinheirado. Começaram timidamente, apostando na parceria com chefs como Alex Atala, que pilota as caçarolas do D.O.M., Erick Jacquin,da La Brasserie ou como restauranteaur Rogério Fasano. Com o tempo, as iguarias se destacaram e entraram na seleta lista de mais pedidas nos restaurantes. A fama abriu as portas para que os fornecedores das matérias-primas tivessem passe livre nas gôndolas dos estabelecimentos voltados para o público de alta renda.

É o caso do frango orgânico que faz parte da preparação da galinhada do badalado chefe Alex Atala, ou da burrata que é uma das entradas preferidas da famosa rede de pizzarias Capricciosa, no Rio de Janeiro. São produtos Premium que já estão bem perto de qualquer consumidor.

No caso do frango orgânico e livre de antibióticos, quem fornece para os restaurantes de Atala é a Korin. A empresa, que foi fundada pela Igreja Messiânica, abate por dia 16 mil aves e tem projetos para aumentar o volume de produção em dois anos. A meta é chegar a 90 mil abates por dia. O diretor comercial da empresa, Edson Shiguemoto, disse que serão investidos R$ 20 milhões para duplicar a capacidade do complexo aviário.

“O produto tem tido uma aceitação boa tanto em restaurantes, quanto no consumidor final. Há um ano entramos no segmento de restaurantes e com isso conseguimos difundir mais o nosso produto”, disse Shiguemoto. Hoje, a empresa está presente em grandes redes de supermercados como Pão de Açúcar, Carrefour, e empórios consagrados em São Paulo, como o Santa Luzia.

Segundo Shiguemoto, a produção de frango orgânico só não é maior por falta de limitação da companhia. O executivo ressaltou que a Korin trabalha no sistema de integração.Hoje, a empresa conta com 28 parceiros para a criação das aves.Porém,todo abate é feito no complexo aviário em Ipeúna, no interior de São Paulo. E é aí que mora o problema. “Temos que expandir o abate para atender a demanda crescente pelos nossos produtos”.

Para este ano, a Korin espera um faturamento de R$ 70 milhões, aumento de 12% em relação à receita apurada em 2012, quando alcançou R$ 60 milhões.

“Temos um crescimento acima de dois dígitos nos últimos anos e a expectativa é que se mantenha, já que estamos lançando também nova linha de produtos. Em setembro e outubro, vamos colocar no mercado vegetais congelados e resfriados. Com os congelados conseguiremos entrar no mercado do Nordeste. O foco, nesse caso, são os supermercados”, disse Shiguemoto.

Outra que está ampliando o seu portfólio é a Vitalatte. A empresa vai colocar no mercado o creme de ricota light e a ricota a granel. Segundo o sócio diretor da empresa, Enrico Bouzon, os novos produtos chegam ao mercado até o final deste ano. A Vitalatte é a fornecedora da burrata da Capricciosa, no Rio. Além disso, eles fornecem a mussarela italiana, carro chefe da empresa, para a rede Fasano, em SãoPaulo. A Vitalatte produz cerca de 80 toneladas de queijo fresco por mês.

“Começamos há cinco anos com queijos especiais. Hoje, temos 50produtos em nosso portfólio. Fornecemos para mais de 800 pontos de venda no Sudeste do Brasil. A ideia é ampliar essa cobertura”, disse Bouzon.

A expansão da companhia vai começar pela região Sul do Brasil. Segundo o executivo, já está em negociação a entrada nos mercados de Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre. “Hoje, estamos fortes em São Paulo,mas vamos fechar com mais dois empórios e redes de supermercados voltados para o público A/B.Nossa missão é fornecer o melhor queijo fresco italiano do país”, disse o executivo.

A Vitalatte conquistou o mercado paulista coma entrada no Fasano. A partir daí, a empresa conseguiu vender seus produtos em redes de supermercados e hoje, 30%do faturamento vem das vendas em São Paulo.

“Vamos dobrar a receita neste mercado até o fim de 2014. Nossa meta é perfeitamente factível”, ressaltou Bouzon.

No Rio de Janeiro, o que pegou foi a burrata da pizzaria Capricciosa. Lá a iguaria é a sensação do cardápio. E segundo o diretor de operações do restaurante, Bruno Tolpiakiv, pormês a Vitalatte fornece uma tonelada e meia de queijos, sendo que a prioridade é a Burrata.

Se a Korin e a Vitalatte têm nas redes de supermercados o grande trunfo de crescimento, a Chez Pierre que fabrica o foie gras para os restaurantes do chefe francês Erick Jacquin, não pensa em expandir sua produção para vender em empórios. Segundo o sócio diretor da empresa, Pierre Reichard, a companhia foca sua distribuição em restaurantes e em encomendas particulares.

“Temos 200 clientes fixos. Estamos nos melhores restaurantes do estado de São Paulo. Queremos manter a qualidade e a exclusividade de nosso produto, por isso, a opção de produzir menos, mas com alto padrão”, disse Reichard. A ChezPierre abate por mês 500 patos, sendo que o seu plantel é de cinco mil animais.



Veículo: Valor Econômico


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