Nas cidades em que há estação ferroviária, a entrega do produto será feita nos vagões direto aos produtores rurais
Iguatu. O milho que foi doado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao governo estadual começa a ser distribuído neste sábado. O primeiro trem com 20 vagões está previsto para sair amanhã, de São Gonçalo do Amarante, onde está o Porto do Pecém, e segue para as cidades de Quixeramobim, Senador Pompeu e Piquet Carneiro, na região do Sertão Central. Na primeira remessa, serão entregues 800 toneladas.
Desde o mês passado que os criadores no sertão vivem a expectativa da distribuição do milho. Os grãos chegaram a granel por meio de navio no Porto do Pecém. Em dois armazéns, trabalhadores fazem o serviço de ensacamento. A entrega da remessa aos produtores rurais depende da demanda apresentada nos escritórios da Ematerce.
De acordo com o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, 30 mil criadores, no Ceará, estão cadastrados no programa Venda Balcão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e mais de 12 mil já efetuaram o pagamento dos boletos. "Vamos atender 46% da meta estabelecida para cada produtor rural", disse Pimenta.
Nas cidades em que há estação ferroviária, a entrega do produto será feita nos vagões diretamente aos produtores que apresentarem os boletos de pagamento. Nas outras cidades, o milho será distribuído por meio de transporte rodoviário. A partir de Quixeramobim, o milho seguirá em carretas para as cidades de Madalena e Boa Viagem. Em Senador Pompeu, haverá distribuição para Milhã, Solonópole e Pedra Branca.
"Temos a parceria das Prefeituras para o transporte do produto", frisou Pimenta.
A distribuição é coordenada pela Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa).
A logística de distribuição foi definida em reunião realizada na Ceasa entre técnicos da Ematerce, Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), da empresa Transnordestina e da Ceasa, na segunda-feira passada. "O roteiro de entrega será definido 48 horas antes", explicou Cláudio Matoso, gerente de apoio técnico da Ematerce.
Em razão da precariedade da ferrovia por falta de manutenção, em especial da Linha Sul, o trem segue bem devagar, em média de 20km por hora.
A segunda saída do trem está prevista para a próxima quarta-feira em direção às cidades de Acopiara e Iguatu, na região Centro-Sul, e Crato, no Cariri.
Posteriormente, haverá a distribuição para a região Norte. Nesse caso, o trem parte de São Gonçalo indo diretamente até a cidade de Sobral. De lá, segue por meio de transporte rodoviário para as cidades da região, incluindo a Serra da Ibiapaba.
O presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, acredita que até o fim de julho, o serviço de distribuição de 30 mil toneladas de milho doadas pelo governo federal ao Ceará, estará concluído. "Esse total de grão, se fosse distribuído somente por rodovia, seriam necessárias mil carretas", comparou Pimenta.
Nas cidades do interior, os produtores rurais aguardam com expectativa a entrega do milho. "Já pagamos com antecedência e esperamos que não demore", disse o criador Manoel Costa, do município de Milhã. "A nossa preocupação é com o segundo semestre, quando a seca ficará mais intensa".
Há 15 dias, o sistema de cadastro dos criadores está aberto nos escritórios da Ematerce, nas cidades do Interior. "Serão atendidos os produtores cadastrados na Conab e que comprovem ter vacinado o rebanho contra aftosa", explicou o titular da DAS, Nelson Martins.
Quantidade
O preço do milho vai seguir a tabela da Conab que comercializa o produto por meio do programa Venda Balcão. Para os produtores da agricultura familiar e que recebem uma cota de até três mil quilos, a saca de 60 quilos será vendida por R$ 18,20 e para os demais (pronafianos ou não) que têm direito a mais de 6 mil quilos, o preço da seca é de R$ 21,00. A quantidade ofertada para cada criador segue também o limite segundo o número de rebanho.
De acordo com a Conab, a demanda mensal no Ceará em abril passado era de 30 mil toneladas de milho. A procura cresceu no Estado por causa da seca que se prolonga desde 2012.
O secretário Nelson Martins esclareceu que, apesar do milho ser doado ao governo do Estado, pelo governo federal, não há possibilidade de fazer o mesmo com os criadores, pois há despesas com o transporte do produto que precisam ser cobertas.
Veículo: Diário do Nordeste