O que era para ser canalizado como uma ajuda aos produtores de algodão brasileiros está rendendo juros nos bancos. Grande parte dos US$ 147 milhões pagos por ano desde julho de 2010 (US$ 12,275 milhões por mês) pelos Estados Unidos aos cotonicultores brasileiros para compensar os prejuízos provocados pelo apoio ilegal concedido a seus produtores está parada em fundos de renda fixa e outras aplicações financeiras.
Os recursos do acordo fechado no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) são repassados ao Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), que encerrou o primeiro trimestre de 2013 com R$ 735,5 milhões aplicados em investimentos financeiros diversificados, dentre os quais CDB, Letras Financeiras, Debêntures e fundo de renda fixa. Segundo a assessoria de imprensa do IBA, quando não há projeto aprovado para o dinheiro, ele é aplicado. "Assim que surge uma demanda, os valores são resgatados e investidos. Eles estão sendo investidos enquanto os projetos são analisados",.
O regimento interno do IBA estabelece uma política de aplicação dos recursos financeiros baseada em projetos de entidades associadas. Hoje, há 46 projetos em execução no IBA - 33 aprovados até 2012 e 13 no primeiro trimestre deste ano. Os projetos em questão envolvem sobretudo a construção de centros de treinamento e capacitação de profissionais, com pagamento de cursos a funcionários de produtores e de empresas produtoras de algodão do Brasil.
De janeiro a março de 2013, foram desembolsados R$ 6,7 milhões para esses 46 projetos. Há, ainda, R$ 42,5 milhões a realizar, entre abril e dezembro de 2013. O valor total desses projetos é de R$ 195,9 milhões, com desembolsos previstos até 2017. Ao todo, já foram investidos R$ 101 milhões.
Dentre os projetos, também está o apoio à realização da 8ª e da 9ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão, inclusive financiamento a caravanas para os evento. "Os desembolsos serão aprovados e liberados, tal qual previsto no Estatuto Social, em conformidade com o orçamento de cada projeto aprovado pelo Conselho Gestor do IBA, respeitando sempre o Memorando de Entendimento entre o Brasil e Estados Unidos", informa o relatório de atividades 2012 do IBA.
Nas últimas semanas, associações de produtores de algodão de Brasil e EUA entraram em acordo para encerrar o contencioso e abreviar e reduzir esses pagamentos, mas o pacto ainda não tem respaldo dos governos dos países.
Veículo: Valor Econômico