Minoritários da Brasil Pharma, rede de varejo de farmácias do banco BTG Pactual, tentaram eleger um membro para o conselho de administração da companhia, mas a proposta não avançou.
Maior rede de drogarias em número de pontos do país, a BR Pharma comprou há um ano e meio a Big Ben, varejista com mais de 200 lojas no Norte e Nordeste, num acordo que envolveu a manutenção da família Aguilera, fundadora da empresa, no comando da rede, mas sem vaga no conselho. Meses atrás, os sócios da Big Ben decidiram pleitear uma cadeira no colegiado - formado por seis membros - durante a eleição marcada para ocorrer no mês passado. A ideia é acompanhar mais de perto as decisões estratégicas da companhia, que passa hoje por uma processo de reestruturação, reflexo da união dos ativos adquiridos pelo grupo nos últimos anos.
Os negócios da Big Ben, que devem atingir uma receita de R$ 1,5 bilhão no Norte e Nordeste neste ano, segundo apurou o Valor, crescem em importância e podem representar até 40% da receita total da BR Pharma em 2013, com base em estimativas de resultados de analistas para a companhia neste ano. Dos seis membros do conselho, três pertencem ao banco BTG e um representa os fundadores da Drogaria Rosário, comprada em 2010 e com 133 lojas ao fim de março deste ano, pouco mais da metade do número de unidades da Big Ben.
Na última reunião do conselho de administração da BR Pharma, em maio, nove sócios ligados à Big Ben apresentaram requerimento de votação em separado, para a indicação de Raul Aguilera, fundador da Big Ben e principal executivo, para conselheiro da BR Pharma. A proposta esbarrou num limite determinado pela Lei das S.A., que especifica em que situações os minoritários podem indicar um dos membros do conselho de administração por intermédio de votação em separado.
Segundo artigo 141, parágrafo quarto da lei, titulares de ações com direito a voto de companhia aberta com pelo menos 15% do total das ações votantes podem fazer a indicação. A BR Pharma tem apenas ações ordinárias (com direito a voto) em bolsa. Os minoritários ligados à Big Ben teriam somado pouco menos de 10% das ONs, apurou o Valor.
Mas há possibilidade de que a BR Pharma e os sócios cheguem a um consenso.
A ideia de estar mais perto das decisões tomadas pelo conselho cresceu entre os fundadores da Big Ben nas semanas anteriores à reunião do conselho, em maio. Após a decisão tomada de indicar o nome, não houve tempo hábil de tratar do assunto, buscando um acordo com os controladores da BR Pharma, apurou o Valor. "Foi tudo muito de última hora", diz uma fonte.
Os controladores, porém, devem considerar a hipótese da eleição de Raul Aguilera na próxima eleição do conselho, daqui a dois anos, pois entendem que há espaço para essa inclusão do nome no colegiado.
Veículo: Valor Econômico