Políticas governamentais para o café

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Participamos, na quarta-feira passada, de audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Viação e Transportes na Câmara dos Deputados. Na ocasião, questionamos o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre as políticas para a cafeicultura brasileira.

Mantega reconheceu que o café vive um momento de crise, principalmente por causa de um cenário de oferta satisfatória à demanda e devido aos baixos preços oferecidos pelo mercado aos produtores. O ministro também ressaltou que a Secretaria de Política Econômica da Pasta está aberta a discussões para buscarmos uma solução para o atual cenário vivido pelo setor, haja vista que o governo precisa participar nas épocas de crise do café, conforme postura que adotou em relação aos outros setores de nossa economia.

Nesse sentido, agendamos para esta segunda-feira audiência com o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, com o intuito de definirmos a implantação dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e a possibilidade da realização de leilões de Opções Públicas. Esses também serão os itens da pauta de outras duas reuniões, que teremos ainda nesta segunda-feira, com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e com o secretário de Produção e Agroenergia da Pasta, João Alberto Paixão Lages.

O emprego dessas ferramentas de mercado se faz extremamente necessário para que se comece a devolver a competitividade aos produtores, com remuneração justa, e, principalmente, mantenha-se o emprego no campo. Vale destacar, ainda, que buscamos um valor médio que cubra nossos custos de produção e que, de maneira alguma, gere inflação no preço da bebida, "punindo" o consumidor final, o que, definitivamente, o CNC não concorda e nem permitirá que ocorra.

No dia 21, a Secretaria de Produção e Agroenergia (Spae) e o Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgaram que estão contratando instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) para atuarem como agentes financeiros na aplicação e na administração de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Os agentes financeiros interessados deverão encaminhar, formalmente, proposta de contratação dos recursos à Spae até o dia 5.

A semana foi marcada por volatilidade nas cotações do mercado futuro de café arábica, em Nova York, e tendência de queda do robusta, em Londres. De maneira geral, o mercado das commodities foi influenciado pelas variáveis macroeconômicas internacionais. No Brasil, mereceu atenção o arrefecimento das cotações do dólar após adoção de novo artifício pelo Banco Central.

A divulgação de dados aquém da expectativa sobre o crescimento do PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano gerou mais tranqüilidade no mercado cambial e a reação dos preços de algumas commodities. Com o menor crescimento norte-americano, de 1,8% ante os 2,4% previstos por analistas, os investidores consideraram que a redução da injeção de dólares na economia pelo Banco Central dos EUA (Fed, em inglês) não será tão imediata. Por outro lado, o desempenho da China continuou preocupando diante do aperto no mercado interbancário, que sinaliza menor crescimento da oferta de crédito.

No Brasil, o dólar apresentou queda de 2,17%, até o fechamento de quinta-feira passada. A tendência internacional de desvalorização foi reforçada pela decisão do Banco Central do Brasil de eliminar o recolhimento compulsório sobre as posições vendidas dos bancos no mercado de câmbio. Essa foi a terceira medida adotada pela autoridade monetária brasileira, desde o início de junho, para conter a alta do dólar.

No mercado doméstico, o volume de negócios se mantém baixo em função dos preços aviltados do café arábica e das chuvas que têm atrasado as operações de colheita em Minas Gerais e São Paulo. O indicador de preços do café arábica levantado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) permaneceu praticamente inalterado em relação à semana passada, apontado em R$ 283,28 por saca (0,17%) na quinta-feira. Já a saca do conilon apresentou variação negativa de 0,70%, situando-se em R$ 241,44.




Veículo: Diário do Comércio - MG (29/06)


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