Enquanto a maioria dos setores industriais aguarda com pessimismo o desempenho do segundo semestre, os segmentos de alimentos e bebidas vislumbram a recuperação do faturamento em 2013. Apesar de a primeira metade deste ano não ter sido favorável, os empresários acreditam numa melhor performance nos próximos meses, seja em virtude dos investimentos que estão realizando ou da própria demanda por itens de primeira necessidade.
A Pesquisa Indicadores Industriais (Index) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) de maio revelou que, mesmo com resultados ainda positivos de maneira geral, o parque industrial do Estado - que registrou crescimento real de 5,1% do faturamento no acumulado do ano frente ao mesmo período de 2012 - não tem boas expectativas para o restante do exercício. O mesmo levantamento mostrou também que o setor de produtos alimentícios registrou alta de 8,12% e o de bebidas, de 0,73% no mesmo tipo de comparação.
No caso da Mate Couro S/A, fabricante de refrigerantes com sede em Belo Horizonte, é esperada pelo menos a manutenção dos resultados de 2012. De acordo com o gerente de vendas, Lazio Divino Pinto, esse desempenho já seria considerado favorável diante do atual cenário econômico vivido pelo Brasil. De janeiro a junho, as vendas da empresa caíram 5% sobre igual período do ano passado.
"Nossa esperança é de que o segundo semestre represente a salvação das vendas de 2013. Mas precisamos aguardar a situação da economia e torcer para que as temperaturas se elevem", pondera. Isso porque, segundo o gerente, o refrigerante é um produto tipicamente sazonal e, justamente na metade do ano é quando há o menor volume de vendas. Desta vez, porém, ele afirma que a queda nos níveis de comercialização foi ainda maior.
A Mate Couro está investindo na modernização do parque fabril. Estão sendo aportados R$ 3 milhões na compra de máquinas sopradoras, que permitirá o fim da terceirização de parte do processo ainda neste ano.
Na microcervejaria Falke Bier, sediada em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a situação não é diferente. Conforme o sócio-proprietário Marco Antonio Falcone, embora no primeiro semestre os negócios tenham ficado estáveis em relação ao mesmo período do ano anterior, com a expansão da fábrica, prevista para ser concluída ainda em 2013, o cenário deverá ser revertido.
O investimento é da ordem de R$ 1milhão e vai permitir, num primeiro momento, dobrar a produção da empresa, que hoje é de 8 mil litros de cerveja artesanal por mês. "A nova fábrica terá capacidade total para 50 mil litros mensais, mas não chegaremos a este patamar por enquanto", afirma.
Apesar disso, o empresário não chega a arriscar nenhum nível de crescimento e diz apenas que será possível aumentar as vendas em relação a 2012. "O desempenho da primeira metade deste ano só não foi melhor porque atingimos o limite da capacidade instalada", observa.
Na Forno de Minas Alimentos S/A, com planta em Contagem, também na RMBH, os investimentos realizados constantemente, somados à expansão de mercado, lançamentos de produtos e aumento das exportações, também têm mantido os negócios em alta, em meio à instabilidade da economia nacional. As informações são do diretor de Marketing e Desenvolvimento de Negócios da companhia, Ricardo Machado.
Enquanto muitas empresas amargaram perdas, a Forno de Minas encerrou o primeiro semestre com aumento de 30% das vendas sobre igual período de 2012. Para o restante do ano, as expectativas são menos audaciosas mas sinalizam otimismo e a previsão é de que as vendas sejam ampliadas em pelo menos 20% frente ao segundo semestre de 2012. "Deveremos encerrar este ano com crescimento entre 25% e 30%. Dada a conjuntura, consideramos um resultado interessante", avalia.
Contramão - Já na Frutty Refrigerantes Ltda, com planta em São Gonçalo do Sapucaí, na região Sul do Estado, o otimismo não é tão evidente. De acordo com o diretor-administrativo da empresa, Rogério Vilela Silva, de uma forma geral o consumo está baixo e isso não deverá mudar até o fim de 2013. Segundo ele, os negócios ficaram estáveis na primeira metade do ano e nos próximos meses deverão ser mantidos no mesmo nível, já que o consumo no país está sendo prejudicado pela inflação. "Não acredito em grandes mudanças, muito menos em melhoria das vendas. Não vai ser um bom ano", resume.
Em meio ao clima de pessimismo, os investimentos estão suspensos e a fábrica está operando com 40% da capacidade total para 2 milhões de litros por mês. Apesar de Silva considerar cedo para demissões, admite que já colocou parte dos funcionários em férias coletivas e está trabalhando somente com uma linha de produção.
Veículo: Diário do Comércio - MG