O percentual de lavouras de trigo do Paraná classificadas como 'ruins' subiu de 4% para 18% na última semana devido às geadas que atingiram o Estado nos últimos dias. Segundo relatório preliminar do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Agricultura do Estado, as lavouras em 'boas' condições caíram bruscamente, de 78% para 47% no período.
O agrônomo responsável pela cultura no Estado, Hugo Godinho, explica que em meados de agosto um relatório definitivo deve ser publicado. De qualquer forma, detalha ele, a análise que está sendo feita neste momento se debruça sobre a parte da lavoura ainda classificada como de qualidade "média" - que no relatório desta semana subiu para 35%, ante 18% sete dias antes. "O que estamos checando é se elas permanecerão na condição de 'média' ou irão para a classificação de 'ruim'", explica Godinho.
Também houve uma piora na classificação geral da segunda safra de milho no Paraná. No entanto, explica o especialista, não é possível afirmar que a deterioração se deveu exclusivamente às geadas. "Na última semana, a colheita avançou 12 pontos percentuais, para 42% da área total plantada. Portanto, se foi retirado do campo o milho das áreas 'boas', a classificação geral piora", explica.
De qualquer forma, o relatório indica que as lavouras da segunda safra de milho classificadas como 'ruins' cresceram para 11%, ante 8% da semana anterior. As classificadas como de condição 'média' avançaram de 23% para 35% e as 'boas' foram reduzidas de 69%, para 54%.
O mesmo raciocínio usado para explicar a piora na classificação das lavouras de milho também serve para o café, explica Godinho. A colheita do grão avançou 7 pontos percentuais, para 52%, entre os dias 22 e 29 de julho. Nesse período, as lavouras classificadas como "ruins" subiram de 3% para 13%. As classificadas como de condição 'média' saíram de 22% para 28% e as 'boas', de 75% para 59%.
As geadas afetaram também a produção de hortaliças no Paraná. Segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado, 20% da produção na região metropolitana de Curitiba foi danificada pelas baixas temperaturas.
O agrônomo Iniberto Hamerschmidt, coordenador estadual de olericultura da Emater, produtores que não usaram as coberturas plásticas na lavoura (plasticultura) perderam de 80% a 100% da produção. "Isso gerou perda de 20% da produção de repolho, couve-flor, brócolis e alface em toda a região, chegando a um prejuízo de R$ 4,6 milhões", disse, em nota. Os danos causados pelas geadas já refletiram nos preços. Os do alface, da couve-flor e do brócolis subiram 20%. O maior impacto foi no repolho, cujo preço teve alta de 50%.
Na cana-de-açúcar as perdas também já começaram a ser medidas. Segundo a consultoria Datagro, uma área que abriga cerca de 65 milhões de toneladas de cana foi afetada pelas geadas da última semana nos Estados de São Paulo (30 milhões de hectares), Mato Grosso do Sul (entre 16 milhões e 18 milhões) e Paraná (15 milhões e 16 milhões). O volume representa cerca de 18% do volume de 362 milhões de toneladas que ainda falta colher e processar nesta safra 2013/14 na região Centro-Sul.
Veículo: Valor Econômico