Mesmo em plena safra, feijão continuará com preços altos

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A entrada da terceira safra de feijão do ano neste mês já tem pressionado os preços ao produtor, mas os números continuam altos na comparação com valores de outros anos, e a perspectiva de que a produção total de 2013 seja inferior à do ano passado e não atenda à demanda interna abre espaço para preços ainda mais altos até dezembro.

De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da safra 2012/2013 deverá alcançar 2,8 milhões de toneladas, volume 3,1% menor do que o colhido no ano passado. O número será reavaliado pela Conab na próxima semana, e o analista Marcelo Luders, da Correpar, acredita que a colheita alcance somente 2,5 milhões de toneladas, insuficiente para uma demanda estimada por ele em 3,3 milhões de toneladas.

Álvaro Bobato, de Prudentópolis (PR), foi um dos produtores que reduziu o volume colhido neste ano. O agricultor colheu o equivalente a cerca de 30 sacas por hectare neste ano, ante aproximadamente 39 sacas por hectare, queda de 20%. "Teve muita chuva em junho", explica Bobato.

O volume produzido neste ano será definido com a entrada da terceira safra em agosto. Na primeira e na segunda safra do ano, a produção ficou aquém do esperado por causa de problemas climáticos no verão e no inverno, como excesso de chuvas frio rigoroso, e doenças, com o mosaico dourado e a mosca branca.

O resultado foi a diminuição da oferta do feijão, que levou o preço às alturas. Em abril, a saca de 60 quilogramas bateu os R$ 277 e alcançou a maior média mensal até então, de R$ 261. Para evitar reflexos maiores na inflação, o governo isentou o grão do Imposto de Importação, o que permitiu a entrada de feijão chinês no mercado brasileiro. A nova oferta baixou o preço médio mensal do feijão em 15,23% entre abril e julho, mas ainda assim, os preços pagos ao produtor continuam mais altos com relação ao início do ano, em 12,34%.

Próximas safras

Em princípio, os preços elevados poderiam estimular os agricultores a investirem mais no plantio da terceira safra do grão ainda neste ano. É o que acredita Diego Peçanha, do Centro de Inteligência do Feijão (CIFeijão). "Em Minas Gerais estão projetando variação positiva para a cultura por causa da alta de preço", afirma. A Conab indica em seu último levantamento que a terceira safra deve subir 15,2% e alcançar 712 mil toneladas.

Porém, Peçanha lembra que Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal não terão produção de feijão nos próximos meses por causa do vazio sanitário estabelecido pelos respectivos governos estaduais. A medida foi adotada para combater o avanço da mosca branca.

Luders arrisca que a entrada da próxima safra será logo absorvida pelo mercado e os preços voltarão a atingir patamares altos. "Até o fim do ano há expectativa de que podemos ter novamente o feijão como o vilão da inflação", pontua.

Já a safra do começo do ano de 2014 enfrenta mais incógnitas. O analista da Correpar ressalta que os preços altos não são os únicos determinantes da produção. "Tem que ver qual vai ser o comportamento do milho e da soja, sobre perspectiva de área plantada, para avaliar como vai ser o primeiro trimestre do ano que vem."

O produtor Jaime Farinon, de Sinop (MG), ressalta ainda que houve um aumento nos custos que compensou a alta nos preços ao produtor. "Para nós, os custos subiram 70% e o ganho caiu 40%", reclama.

Há ainda outros fatores que podem afetar negativamente as próximas safras. Luders diz que há possibilidade de geadas tardias no Paraná, o que pode voltar a comprometer a produtividade da região.

Além disso, a isenção do imposto de importação expira em 30 de novembro, o que pode dificultar o abastecimento interno no caso de um choque de oferta maior que o esperado no País.



Veículo: DCI


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