Brasileiro engorda e redes investem no tamanho "GG"

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A cintura do brasileiro não é mais a mesma. Reflexo direto do aumento da renda, o ganho de peso da população nos últimos anos abriu espaço para o crescimento de um nicho no mercado de moda: o de tamanhos grandes.

O mercado de roupas GG ou "plus size" movimentou R$ 5,5 bilhões em 2012 a preços de varejo, segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi). O montante equivale a apenas 3,4% das vendas do varejo de vestuário no ano passado, mas a fatia já suficiente para atrair atenção das grandes redes.

A Marisa entrou no mercado GG no ano passado, quando anunciou uma série de iniciativas para ampliar as suas vendas por metro quadrado.

Em 2010, a Renner, segunda maior varejista de vestuário do país, já havia começado a atuar no segmento, com vendas restritas apenas às lojas físicas. Mais recentemente, os produtos GG da Renner também ficaram disponíveis na loja virtual da varejista.

O segmento "plus size" engloba peças que vão do tamanho 44 ao 56 - às vezes, até o 60. Segundo o vice-presidente comercial da C&A no Brasil, Paulo Correa, as lojas da rede, a maior varejista de moda no país, já estão sendo constantemente abastecidas pelas peças GG. "O desempenho e avaliação do público tem sido muito significativo", diz Correa.

A C&A começou a operar nesse segmento em 2011, com a coleção "Special For You", que tem modelagem especialmente pensada para tamanhos maiores.

Roberto Vaz, dono da marca Mulherão e um dos organizadores da Fashion Weekend Plus Size, estima que o mercado GG tenha movimentado apenas R$ 1 bilhão cinco anos atrás. De lá pra cá, o brasileiro ganhou alguns quilinhos e deu um impulso extra a esse segmento da moda.

Segundo o Ministério da Saúde, a população acima do peso no país aumentou 13,6%, para 48,5%, entre 2006 a 2011. Entre as mulheres, parcela que se beneficiou da maior inserção no mercado de trabalho, a alta ocorreu em velocidade superior do que entre os homens.

O público feminino acima do peso aumentou 16% no período, para 44,7% da população, enquanto a fatia masculina com esse perfil cresceu 11,4%, para 52,6%.

Ao entrar no mercado formal de trabalho, a mulher passa a comer mais fora de casa, diz Marcelo Prado, diretor do Iemi. O novo hábito se refletiu na balança. "Além disso, o serviço fora do lar, em geral, é mais sedentário que a do trabalho doméstico", afirma Prado.

Vaz concorda que o "engordamento" da população ajudou a expandir o nicho GG. Mas ele observa que uma mudança comportamental pode ser ainda mais relevante para o desempenho do setor. É que, impulsionada pela mídia, a auto-estima de quem está acima do peso aumentou. "Antes, a gordinha ficava escondida. Agora ela vai às compras e quer produtos cada vez mais sofisticados", afirma o empresário.

Segundo Vaz, o mercado GG ainda está muito concentrado no eixo Rio/ São Paulo, que juntos representam 80% das vendas, e, portanto, ainda há um imenso potencial para crescer.

Para Prado, do Iemi, o segmento "plus size" deverá avançar acima do varejo de roupas em geral, no médio prazo. "É um mercado que ainda está muito aberto para entrada de novas marcas", diz.

Tivah Hertz, dona da marca Marri Gattô, diz que por muito tempo a moda plus size se restringiu a malharia. Para a empresária, existe uma carência de modelistas especializadas em tamanhos grandes. "A roupa GG não é uma roupa fácil. Se você colocar um botão pequeno, ele fica perdido na roupa. As peças ficam mais caras da quantidade de tecido ao tipo de aviamento que é necessário", explica Tivah, que aposta no uso de tecidos mais finos nas suas peças.



Veículo: Valor Econômico


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