O ambiente "desafiador" para o consumo no Brasil exigiu do McDonald's ações pontuais de marketing, parte delas focada em preços competitivos e lançamentos, que deram algum resultado, e ajudaram a reduzir o impacto negativo nos resultados da rede no país. "Esses esforços levaram a um aumento do tráfego e ajudaram a mitigar um cenário econômico com desafios, que inclui o impacto das manifestações nas ruas na segunda metade de junho", informou ontem, no material de resultados, a Arcos Dorados, operadora do McDonald's na América Latina.
O Brasil responde por pouco mais de um terço dos restaurantes do McDonald's no mercado latino-americano e por 47% das vendas.
As vendas "mesmas lojas", que consideram os pontos abertos há pelo menos um ano, cresceram 10% no mercado brasileiro de abril a junho. Dessa porcentagem, pouco mais de 70% veio de um aumento no tíquete médio, sinal de que o consumidor pode estar comprando mais produtos na rede, parte deles com ofertas de preços. A cadeia de fast-food tem adotado promoções agressivas na América Latina há meses, com exposição forte de lançamentos.
Em teleconferência com analistas, Woods Staton, presidente da Arcos Dorados, afirmou que apesar da baixa atividade econômica no Brasil no segundo trimestre, o grupo avançou dois dígitos nas vendas "mesmas lojas" - que subiram 11,6%. A receita líquida cresceu 9,4%, para US$ 989,2 milhões e o lucro líquido caiu 27,4% para US$ 8,8 milhões.
O executivo reforçou que o mês de julho mostrou expansão "robusta" na América Latina. Disse ainda que "gostaria que esse momento positivo [de julho] continuasse", mas não é possível confirmar o cenário mais promissor em todos os mercados na região.
No acumulado do primeiro semestre, a rede registrou alta de 7,7% nas vendas na América Latina, mas o lucro operacional caiu 21,7%. Para efeito de comparação, a operação do McDonald's nos Estados Unidos, Europa e Ásia e Pacífico apura expansão menor nas vendas em relação ao negócios nos países latinos, mas há aumento no lucro líquido de abril a junho.
As vendas da rede nessas regiões subiram 2% no segundo trimestre, para US$ 7 bilhões, e o lucro líquido teve alta de 4%, para quase US$ 1,4 bilhão.
No Brasil, no primeiro semestre, a rede de restaurantes acumulou alta de 5,8% na receita líquida (abaixo portanto, do resultado do grupo), ao atingir quase US$ 920 milhões e o lucro operacional recuou 10,5%, passando de US$ 84,6 milhões para US$ 75,7 milhões. A companhia não divulga o resultado líquido do país.
No segundo trimestre, a receita líquida no mercado brasileiro aumentou 9,4%, para US$ 459 milhões, e o lucro operacional cresceu 8,3%, para US$ 36,9 milhões. O avanço nas vendas registrado excluindo a flutuação da moeda foi de 15,6%.
Na avaliação da companhia, os resultados gerais da Arcos Dorados, com vendas maiores e lucro menor, refletiram variação cambial, aumento de gastos com juros e resultado operacional mais fraco. A empresa vai continuar com foco em ações de marketing e promocionais, que têm gerado tráfego nas lojas e vem sustentando as vendas "mesmas lojas". Inclusive, no Brasil, o desempenho desses pontos com mais de um ano de operação foi beneficiado por essas ações da rede.
"Os resultados apresentados refletem o crescimento de dois dígitos nas vendas comparáveis, obtidas por meio de fortes iniciativas de marketing, e receitas provenientes de novos restaurantes", destacou a Arcos Dourados em seu relatório de resultados.
Veículo: Valor Econômico