Pagamento com celular diminui lucro da Cielo

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Na credenciadora de cartões Cielo, a aposta nos pagamentos via celular ("mobile payment", em inglês) vai demorar mais do que o previsto para trazer frutos, reconheceu Rômulo de Melo Dias, presidente da companhia. "O desenvolvimento do 'mobile payment' vai demorar mais para acontecer do que o previsto, mas não temos dúvida que ele virá", afirmou, ontem, em teleconferência sobre os resultados da credenciadora.

A discussão sobre pagamentos via celular veio à tona depois que uma perda extraordinária encolheu o resultado da credenciadora em R$ 30,5 milhões no segundo trimestre.

A despesa está relacionada ao reconhecimento de perda por conta de uma estimativa acima do esperado em relação ao ágio da aquisição da Paggo (antiga Oi Paggo), empresa voltada ao desenvolvimento de tecnologia para aceitação de pagamentos via celular, comprada em 2010, por valor não divulgado. A Cielo percebeu que o mercado de pagamentos móveis progredirá mais lentamente do que esperava, prejudicando a capacidade de a Paggo gerar caixa positivo. Daí, a baixa feita no resultado trimestral, com efeito apenas contábil.

"Há uma curva de aprendizado mundialmente para que o pagamento via celular seja disseminável, ganhe escala e atinja um modelo de negócio sustentável", afirmou Dias. O executivo comparou o "mobile payment" ao desenvolvimento do comércio eletrônico, no sentido que houve uma demora das maiores empresas do setor a apresentar resultados. Embora o pagamento móvel custe a florescer, ele afirma que esse tipo de investimento é fundamental para manter a credenciadora competitiva. "Temos que estar presentes no 'mobile payment'. Se não, corremos o risco de essa ser uma tecnologia disruptiva para o nosso modelo de negócios", disse.

Foi a baixa causada pela Paggo o principal fator que fez com que o lucro líquido da Cielo viesse abaixo da média das estimativas de cinco analistas compiladas pelo Valor, de R$ 639,6 milhões. A credenciadora registrou lucro líquido de R$ 623,3 milhões no segundo trimestre, um avanço de 13,6% na comparação com mesmo período do ano passado.

Para analistas, não há razão para abandonar o otimismo com a credenciadora. A equipe de análise do Credit Suisse, em relatório com o título "A maior vencedora do trimestre", afirmou que "continua a ver o ambiente como favorável, com a Cielo pronta para todas as condições de clima."

Dois fatores sustentam essa visão positiva. Primeiro, o ganho de participação de mercado sobre a principal concorrente, a Redecard, no segundo trimestre. Segundo, o crescimento das operações de antecipação de pagamentos de cartões para lojistas.

No segundo trimestre, o mercado de cartões movimentou R$ 192,2 bilhões em volume financeiro, considerando-se os números das três maiores empresas do segmento. Isso representa um crescimento de 17,8% na comparação com igual período do ano passado.

Desse total, a Cielo respondeu por uma fatia de 55,3%. Nos primeiros três meses do ano, a parcela era de 54,5%. Já a Redecard capturou, entre abril e junho, uma fatia de 39,7% do mercado, ante 40,8% no primeiro trimestre. "A competição tem sido mais benigna que o esperado", escreveram analistas do Deutsche Bank.

A antecipação para lojistas também deu um salto importante. O volume financeiro de transações antecipadas totalizou R$ 10,6 bilhões, representando 16,1% do volume total de crédito e apresentando crescimento de 71,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A Votorantim Corretora considerou o dado "surpreendente" e a Cielo atribuiu o desempenho ao aumento das operações com lojistas de maior porte.

No começo do ano, a Cielo estimou entre 7% a 10% o crescimento do lucro líquido em 2013, meta que bateu no primeiro e no segundo trimestres. Dias afirmou que, de fato, a meta foi "conservadora", mas que a companhia não iria fazer nova projeção. O motivo são incertezas quanto ao comportamento da economia e da concorrência. Afirmou, contudo, que o mercado de cartões segue aquecido no segundo semestre e deve fechar o ano com crescimento próximo de 18% nos volumes transacionados.



Veículo: Valor Econômico


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