A suíça Barry Callebaut AG, maior fabricante mundial de chocolate para fins industriais, pretende começar a produzir no Brasil, uma vez que o consumo no país neutraliza os efeitos da estagnação das vendas observada na Europa Ocidental, disse o principal executivo da companhia, Patrick De Maeseneire.
"A Callebaut vai decidir este ano se compra uma fábrica de chocolate no país, forma uma aliança com outra fabricante ou se constrói sua própria unidade de produção", disse De Maeseneire, na Suíça. "Temos de aproveitar algumas oportunidades", acrescentou.
"A América Latina é o único mercado individual em que não temos presença. No Brasil, o consumo de chocolate é muito alto." Mercados emergentes como os da América Latina, Leste Europeu e China são os mais resistentes à desaceleração da economia mundial, em um momento em que os volumes das vendas estão começando a cair em alguns países da Europa Ocidental, disse o executivo.
A fabricante de chocolate pretende investir menos de 15 milhões de francos suíços (US$ 12 milhões) na fábrica brasileira, disse De Maeseneire, acrescentando que a empresa já atua na área de processamento de cacau no Brasil.
"A atual crise será mais séria do que qualquer outra de que tenho conhecimento, e será necessário mais tempo para se recuperar dela, mas, tendo isso claro, nós temos de nos preparar para o fim da crise"", afirmou o executivo.
De Maeseneire disse que os consumidores estão começando a migrar de chocolates de qualidade extra para chocolates mais baratos, diante da desaceleração da economia. "Em muitos mercados existe, pela primeira vez, uma substituição do segmento de qualidade extra para marcas menores e para produtos mais baratos"", disse.
O chocolate de qualidade extra e o chocolate gourmet empregados pelos restaurantes representam cerca de 25% da receita da Barry Callebaut, segundo De Maeseneire. A empresa informou um crescimento de 66% no lucro do ano fiscal encerrado em agosto de 2008. No exercício anterior, a companhia conquistou contratos para abastecer a Nestlé e a Hershey’s, em um momento em que um maior número de fabricantes de doces optam por comprar chocolate de terceiros, em vez de investir em suas próprias fábricas.
A empresa suíça processa 10% da safra mundial de cacau em manteiga de cacau e em ingredientes para produtos alimentícios, que vão desde os biscoitos Keebler, da Kellogg, até os sorvetes Magnum, da Unilever. "Se tudo parar, está claro que o mundo vai parar", afirmou De Maeseneire. "Parto do pressuposto de que a economia vai se recuperar", acrescentou.
Veículo: Diário do Comércio - MG