Apesar da importância da soja para a economia, o Estado ainda depende do humor de São Pedro para colher boas safras. Apenas 120 mil hectares têm algum tipo de estrutura para irrigação cerca de 2,2% do total. O número é diminuto se comparado a outras regiões. No meio-oeste americano, uma das regiões com maior produção de soja no mundo, a irrigação chega a 30% das terras, conforme João Augusto Telles, presidente do Clube de Irrigação. Esse percentual garante uma renda mínima ao produtor para pagar o custeio em caso de seca:
– Quando há estiagem nos Estados Unidos, o impacto sobre a renda do produtor e seus fornecedores é menor do que quando ocorre no RS, onde uma estiagem chega a derrubar o Produto Interno Bruto (PIB) .
Além de proteger da seca, a irrigação, casada com técnicas de agricultura de precisão, ajuda a elevar a produtividade. O volume da colheita por hectare costuma crescer 10% em áreas irrigadas, mesmo quando chove normalmente.
Nos últimos anos, ampliaram-se os esforços para tornar menos burocrática a instalação de novos açudes e barragens e conscientizar os fazendeiros da importância de investir em estruturas para fornecer água às lavouras. Fruto de parceria entre Farsul e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Clube da Irrigação tem percorrido propriedades do Interior para instruir sobre os procedimentos legais e técnicos. Já o programa Mais Água, Mais Renda, do governo do Estado, poderá anunciar, nas próximas semanas, a duplicação do limite de áreas para irrigação, hoje em cem hectares de área irrigada por propriedade.
– Com mais acesso à tecnologia, o Estado poderá ampliar sua produtividade de soja em 25% em 10 anos – projeta o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
O ganho de renda com a atual safra tem favorecido investimentos em irrigação. Na edição de 2013 da Expointer, os negócios encaminhados para comprar equipamentos somaram R$ 314 milhões, ante R$ 53 milhões no ano passado. Até o final de 2014, a área irrigada deve chegar a 300 mil hectares, diz Mainardi.
Após uma colheita excelente, o agricultor Paulo Cezar Grando, 53 anos, decidiu investir em um novo pivô de irrigação para atender a uma área maior na propriedade de 600 hectares em Passo Fundo. Adquiriu um equipamento para cem hectares. Com o investimento, Grando agora tem quase 30% da área da propriedade irrigada.
– Sempre pensei em investir, mas era muito caro. Hoje, os equipamentos estão mais acessíveis, e a rentabilidade da safra me permitiu fazer o investimento – explica.
Veículo: Zero Hora - RS