Cultivo cresceu e superou outras atividades rurais da cidade, como pecuária e as plantações de cana, soja, milho e café .
Agricultores familiares e produtores rurais de Delfinópolis (Sul de Minas), têm muito a comemorar no mês de outubro. A bananicultura, implantada há 20 anos por iniciativa de dez produtores locais, com a ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da prefeitura municipal, prosperou nestas duas décadas e agora exibe excelentes resultados. O cultivo de bananas cresceu tanto que superou as outras atividades da economia rural do município, como a pecuária leiteira e de corte e as culturas de cana, soja, milho e café.
Hoje, 58 produtores cultivam bananas em uma área total de 1.059 hectares. Em outubro de 1993, data do começo da atividade, a área aproximada era de 20 hectares. Atualmente são 967 hectares em produção e 92 hectares em formação. A produtividade média está em torno de 25.660 quilos por hectare e a produção é de 24.730 toneladas no valor de R$ 21 milhões para o setor, segundo o escritório local da Emater-MG. A principal variedade plantada é a banana prata anã.
Segundo o extensionista do escritório local da Emater-MG, o engenheiro agrônomo Sávio Marinho, as características naturais do município também favorecem a cultura de banana. "Clima sem excessos de frio ou calor, topografia sem inclinação e pedras, e solos corrigíveis com fertilizantes", enumera, acrescentando também a localização de Delfinópolis que está próxima dos grandes centros consumidores, como interior de São Paulo, além das capitais Rio de Janeiro, Belo Horizonte e de cidades da região do Triângulo.
A implantação da bananicultura em Delfinópolis não foi uma tarefa fácil, conforme o agrônomo Sávio Marinho. "O município não tinha uma fruticultura comercial e os primeiros plantadores de bananas não puderam contar com nenhum incentivo do tipo crédito rural. O único foi o da prefeitura que forneceu o carreto do calcário e das mudas para o primeiro plantio em 1993. Como era uma cultura nova na região, os agentes financeiros evitaram colocar recursos antes de se certificarem da viabilidade da empreitada", justifica.
De acordo com Marinho, somente a partir de 2000, um banco passou a fazer os primeiros custeios para a bananicultura. Ainda conforme o extensionista, dificuldades também ocorreram na comercialização da fruta e no domínio da tecnologia, mas com o passar do tempo, os produtores foram criando e aperfeiçoando técnicas para aumentar a produtividade e combater doenças e pragas. "Ao longo de todos esses anos tecnologias próprias foram geradas, como adaptações no espaçamento entre as bananeiras; um padrão de adubação adequada à produtividade e um programa de controle da praga sigatoka amarela", aponta.
Atenção - Atualmente, segundo Sávio Marinho, o sucesso da bananicultura praticada em Delfinópolis chama a atenção de produtores de municípios vizinhos e outros personagens interessados na atividade, como estudantes, universidades e técnicos da região. "Somos referência regional no setor e por isso é comum recebermos visitas para mostrar nossa experiência. Também atraímos produtores de municípios próximos. Hoje temos quatro produtores de Cássia, que se dedicam à bananicultura, ocupando uma área de 96 hectares", disse, acrescentando a participação de produtores de São João Batista do Glória, Pratápolis e Claraval.
Para o extensionista local Sávio Marinho, embora os riscos com a atividade sejam maiores em função dos custos de formação e manutenção dos bananais - que exigem cuidados redobrados no controle de doenças, pragas, beneficiamento, embalagem e mão de obra intensiva - a bananicultura é altamente rentável, sendo adequada não apenas às grandes propriedades rurais, mas à agricultura familiar. "A lucratividade com a bananicultura tem estado acima do obtido com outras explorações agropecuárias. Por isso, estimamos um acréscimo de 20% da área plantada de banana no município para o próximo anoõ, prevê.
No ranking estadual, Delfinópolis ocupa o 5 lugar na produção de banana prata com 24.730 toneladas, ficando atrás do Jaíba (48 mil toneladas), Janaúba (42 mil toneladas), Nova Porteirinha (39.160 toneladas) e Piranguçu (30.860 toneladas), segundo a Emater-MG.
Veículo: Diário do Comércio - MG