O estresse e a busca por mais qualidade de vida vem fortalecendo as vendas de suplementos e vitaminas. O segmento já é o segundo que mais cresce dentro da divisão de medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs) e só perde para os analgésicos. Ao todo, foram mais de 55,6 milhões de unidades vendidas em 2008, movimentando cerca R$ 896 milhões no País, valor 23% maior que o registrado há cinco anos, conforme dados do IMS Health, instituto especializado em pesquisa na indústria farmacêutica.
Do volume vendido, 7,8 milhões de unidades referem-se apenas aos suplementos, sendo o restante vitaminas. O número é 34% maior que o registrado há apenas três anos. A expansão deste mercado só não é maior devido à falta de disseminação da cultura de prevenção, de acordo com o médico Claudio Lavareda Santos. Como pediatra, ele afirma que ainda é preciso derrubar alguns mitos, como o que diz que vitamina engorda, criado desde a infância, quando as mães chegam desesperadas aos consultórios para pedir uma vitamina para os filhos "magrinhos".
"Apesar desse crescimento, ainda é muito baixa a penetração deste tipo de produto no mercado", explica Carlos Sampaio, presidente da Wyeth Consumer Healthcare. Estima-se que nos últimos 12 meses 8% dos adultos usaram suplementos vitamínicos no Brasil. O volume, porém, ainda é considerado muito abaixo de outros mercados mais desenvolvidos como Austrália, com 54%, e França com 47%.
Líder do mercado mundial de suplementos e também do brasileiro, com 30% de participação, a Wyeth investiu em 2008 cerca de 75% de sua verba de marketing na categoria. Mesmo sem revelar os números, o executivo diz que a verba deve crescer 20% em 2009 e este setor continuará respondendo por mais de dois terços dos investimentos. "Vamos apostar na conscientização de médio e longo prazo", explica o Sampaio. Entre os produtos da fabricante estão o Centrum, Stresstabs, Clusivol e Caltrate.
Conhecimento
O conhecimento é fundamental, segundo Santos. "Hoje existe muita confusão porque as pessoas acham que suplemento substitui alimento, o que não é verdade", afirma. Segundo ele, os produtos são indicados para pessoas que não conseguem ingerir a quantidade de alimentos recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco a nove porções de frutas e legumes por dia. "O suplemento complementa a alimentação, mas não tem fibras e nem as calorias necessárias ao organismo", diz o médico. Além disso, um adulto, mesmo saudável, quando é submetido a poluição, cigarros e estresse da vida atual necessita de vitaminas para se proteger ou neutralizar os efeitos dos chamados radicais livres.
O médico alerta apenas para a uso indiscriminado de alguns tipos de suplementos, que incluem outras substâncias além das vitaminas e sais minerais, geralmente indicados em academias de ginásticas e vendidos em lojas de alimentos. "O uso indiscriminado destes produtos pode sobrecarregar o organismo, especialmente os rins, o que não acontece com aqueles controlados vendidos nas farmácias", diz.
Veículo: Gazeta Mercantil