Atacado ignora crise e aposta em crescimento

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Mesmo com a crise financeira, os empresários do atacado creem que o ano será próspero, especialmente para o formato auto-serviço (cash & carry), conhecido informalmente por 'atacarejo', cuja movimentação global já superou R$ 105 bilhões ano passado, segundo estimativas prévias. Otimistas, diversas holdings como Pão de Açúcar (Assai), Carrefour (Atacadão), Wal-Mart (Maxxi), Grupo Pereira e Grupo Comercial Zaragoza aumentarão os esforços na expansão das operações como forma de melhorar a rentabilidade. Por ser considerada uma operação de baixo custo e oferecer poucos serviços, algumas redes esperam atrair 10% mais consumidor final este ano, roubando clientes do varejo.

 

Para Carlos Eduardo Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), o setor que responsável pelo abastecimento de 53,3% do canal alimentar no País poderá contabilizar crescimento real de 4% este ano, seguindo o rastro do Produto Interno Bruto (PIB). "O varejo está preocupado com os efeitos da crise e acaba adiando as compras. Não acredito que a redução de consumo será grande neste trimestre. O cenário deverá normalizar no segundo semestre", pondera Severini, também diretor do Tenda Atacado.

 

Dados de janeiro a novembro de 2008 indicavam alta nominal de 8% no faturamento e real de 2,2%, mas os números consolidados serão divulgados em abril. O executivo garante que as 2,3 mil empresas associadas à entidade mantêm a normalidade no abastecimento de um milhão de pontos-de-venda neste início de ano e não haverá muita dificuldade para o setor se o número de demissões crescer demais.

 

"Esta situação tende a ser propícia para o crescimento do cash & carry, pois com a crise o consumidor reduzirá as compras por impulso e valorizará mais seu dinheiro". Segundo Severini, a redução do crédito não impactará no setor, pois são os próprios atacadistas e distribuidores que financiam as compras das empresas de pequeno porte.

 

Consumidor

 

Na rede Spani Atacadista, do Grupo Zaragoza, um levantamento prévio do mês de janeiro indica que a movimentação de consumidores finais nas lojas está mais intensa. De acordo com Flávio Almeida, diretor Comercial da empresa, a representatividade deste público será 10% maior este ano, em especial nas unidades instaladas em bairros. "A configuração do público ainda é composta por 70% de varejista e 30% de consumidor", detalha o executivo.

 

Com forte atuação no interior paulista, o Spani faturou em 2008 cerca de R$ 350 milhões. Nas operações, o formato atingiu crescimento de 18% e a bandeira Villareal Supermercados, 13%. No semestre serão abertas duas unidades do Spani, sendo uma em Atibaia e outra em Caraguatatuba, no litoral, que consumirão mais da metade do investimento de R$ 37,5 milhões até julho.

 

Almeida afirma que o pequeno varejo ainda não alterou sua rotina de compra e acredita que isto não deverá ocorrer, por isso, manterá a rede manterá a programação do estoque para até 33 dias. O grupo possui uma equipe voltada para a venda externa, uma divisão que tem alcançado bons resultados junto ao setor de food service (padarias, restaurantes e quiosques). "Acredito que o auto-serviço manterá esse crescimento robusto este ano. Nossa expectativa é crescer ao menos 17% e ainda há uma demanda reprimida para o segmento", diz.

 

Prioridade

 

Responsável pelas marcas Comprefort Atacadista (varejo e atacado), Bate Forte (atacado), Supermercados Comper (varejo), o Grupo Pereira investe com mais ênfase no modelo atacarejo desde 2008. "Vamos priorizar este negócio, visto que as outras redes também estão expandindo", destaca o diretor de Marketing, João Pereira.

 

Pela primeira vez serão o Comprefort sairá de Santa Catarina e o local escolhido foi a região Centro-Oeste, que receberá cinco pontos-de-venda nos próximos meses. A estratégia da companhia fundada pelo patriarca Ignacio Pereira há 40 anos, é seguir com a bandeira nas praças onde já atua com o Supermercado Comper, como no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. O diretor diz os últimos quatro anos foi um período de aprendizagem na gestão da bandeira e que chegou a hora de levá-la a outros estados.

 

A meta para este ano é atingir faturamento de R$ 1,7 bilhão, receita quase 30% superior ao ano anterior. Ele avalia que 2008 foi muito produtivo e o Comprefort teve participação de R$ 250 milhões na companhia. "O atacarejo está muito forte no Brasil. Agora, as empresas devem se preocupar em estabelecer parcerias junto aos principais fornecedores para oferecer produtos com preço justo." O diretor acrescenta que ninguém poderá esperar grandes margens este ano, mas consolidar o negócio.

 

Ritmo

 

O Makro, líder no setor atacadista brasileiro, que detinha em 2007 14% no faturamento do setor e 64% na modalidade auto-serviço, destinará ao plano de expansão R$ 240 milhões, cifra 23% maior que a do ano passado, quando foram abertas oito lojas, uma reconstruída e outras 13 reformadas. Em entrevista ao DCI, Jósé Leon Rodriguez, diretor Nacional de Expansão da empresa, pertencente ao grupo holandês SHV, disse que o objetivo para o ano é que as vendas cresçam entre 10% e 15%, apesar da previsão de incremento menor na economia. "Nosso desafio será reter a margem de lucro e ser auto-suficiente em um modelo de operação que tem margem baixa", pontua.

 

A rede, que encerrou 2008 com 65 lojas - e não se conceitua como "atacarejo"-, pretende fechar 2009 com no mínimo dez lojas novas, além de dez postos de gasolina e restaurantes. O crescimento por aquisição é igualmente cogitado por Rodriguez.

 

Veículo: DCI


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