Infraestrutura precária até os portos e aeroportos despreparados inviabilizam expansão
Os investimentos constantes por parte dos produtores na ampliação da qualidade e padronização das frutas produzidas em Minas Gerais não têm sido suficientes para ampliar as exportações do setor em níveis compatíveis com a produção e a demanda. A evolução dos embarques esbarram na precariedade das rodovias, portos, aeroportos e na falta de mão de obra qualificada. Para os produtores, a exportação vale a pena, já que os preços pagos lá fora chegam a ser até 180% superior à remuneração no mercado interno.
Apesar de ser um dos principais produtores de manga, limão, abacaxi e banana do país, Minas Gerais responde por apenas 0,182% do volume de frutas destinado ao exterior. A representatividade das frutas e derivados nas exportações do agronegócio mineiro é inferior a 1%. De acordo com representantes do setor, apenas uma parte muito pequena da produção mineira é destinada ao exterior, enquanto o potencial de expansão é grande.
Fatores como o consumo em alta, os preços atrativos e a oportunidade de diversificar o mercado de atuação têm despertado o interesse por parte dos produtores. As principais frutas produzidas em Minas Gerais (limão, banana e manga) possuem demanda alta no exterior.
Uma das frutas mais negociadas com o mercado internacional é o limão. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Limão do Jaíba (Aslim), no Norte de Minas, Randolfo Diniz Rabelo, mesmo com a procura em alta os embarques da fruta ainda são pequenos diante ao potencial do Estado.
Dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) mostram que as exportações mineiras de limão, ao longo de 2013, apresentaram incremento de 45,5% no volume, com o embarque de 4 mil toneladas da fruta. Apesar da elevação, o volume destinado ao mercado internacional ainda é muito pequeno quando comparado com a produção, que gira em torno de 88 mil toneladas por ano.
No mesmo período, o faturamento gerado com as exportações de limão, US$ 3,2 milhões, ficou 41,7% superior ao registrado em 2012. Os principais países importadores são a Holanda, que compra 64,9% do volume destinado ao mercado internacional, seguido pelo Reino Unido, com participação de 26,2%, e Alemanha, com 4,1%.
A meta dos fruticultores ligados à Aslim é ampliar os embarques a cada ano, já que os preços praticados no exterior chegam a ser até 180% superiores os pagos no mercado nacional. O volume embarcado ainda é pequeno devido, principalmente, aos problemas de logística que encarecem os custos e inviabilizam os embarques.
De acordo com o presidente Aslim, Randolfo Diniz, para que as exportações de limão sejam ampliadas serão necessários investimentos, por parte do governo, nas rodovias próximas às regiões produtoras.
"Um dos principais gargalos enfrentados pelos produtores da região do Jaíba para escoar a produção é o frete elevado. Para enviar um contêiner de limões do Jaíba para o porto de Salvador, precisamos percorrer cerca de 1,1 mil quilômetros de rodovia, cujo frete custa em torno de US$ 2 mil. O valor é tão expressivo que a viagem de 15 dias no navio até a Europa custa US$ 3 mil. Este problema poderia ser resolvido com o asfaltamento de outras vias da região que diminuiriam em, pelo menos, 400 quilômetros o percurso", frisa.
O frete elevado retira a competitividade do limão mineiro, favorecendo ainda mais as vendas de São Paulo, principal produtor da fruta no país.
Recuperação - Em fevereiro, o governo do Estado anunciou a recuperação de 305 quilômetros de estradas internas no perímetro de irrigação Jaíba, no Norte de Minas. A obra, que será realizada por convênio entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Fundação Rural Mineira (Ruralminas), do governo de Minas, já teve a ordem de serviço assinada e deve ser concluída até fevereiro de 2015, segundo informações da Ruralminas. O investimento total na ação será de aproximadamente R$ 5,8 milhões. Desse valor, a maior parte "- cerca de R$ 4,8 milhões - é proveniente da Codevasf. A outra parte entra como contrapartida do governo de Minas.
Veículo: Diário do Comércio - MG