Aporte extra em infraestrutura traz euforia e motiva empresas do setor

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A briga pelos contratos nas áreas de infraestrutura e logística começam o ano aceleradas, em um momento que o setor vive o reposicionamento de empresas em uma corrida para abocanhar as obras que receberão incentivos de R$ 38 bilhões, anunciados ontem, pelo governo federal, a serem aplicados nas ações previstas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O novo montante vai elevar para cerca de R$ 96 bilhões a previsão de aportes até 2010, com destaque ao polêmico trem de alta velocidade (TAV) - informalmente chamado de trem-bala -, que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro, além da viabilização do trecho sul da Ferrovia Norte-Sul e das obras de aprofundamento (dragagem) nos portos brasileiros.

 

Dada a expressão dos montantes a serem liberados, o reajuste promete acender ainda mais a movimentação das empresas envolvidas no setor, em que grandes corporações -como a Camargo Corrêa, que, segundo fontes do mercado, estaria se preparando para crescer a atuação no setor de aeroportos, ou a Odebrecht, que recentemente voltou ao setor de rodovias - serão assediadas por outras empresas, inclusive estrangeiras, para encabeçar possíveis consórcios. Essa readequação do segmento fica evidente a cada audiência pública para novas obras, e executivos de rodoviárias como a OHL Brasil e a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) são vistos em audiências do setor ferroviário. O quadro é um prenúncio de que toda sorte de consórcio pode ser formada na disputa dessas futuras licitações.

 

"Um anúncio desse tipo em um momento de crise significa uma oportunidade de garantir a movimentação da economia", analisou Flávio Benatti, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística). Para ele, a solução de irrigar a economia com mais investimentos em infraestrutura impacta positivamente não só as empresas ligadas ao segmento de logística, mas, em especial, a construção civil, por exemplo, e até a indústria, como fornecedora de equipamentos.

 

Benatti ressaltou que é necessário ter cautela em relação ao cumprimento dos prazos. "É uma oportunidade e tanto, não só para quem atua no mercado interno, mas também para as estrangeiras que querem investir aqui." O especialista ressaltou que não é só uma questão de aquecer o País economicamente, mas a necessidade urgente de mais competitividade ao setor. "O custo logístico do produto agrícola no Brasil é maior do que em outros países. Diminuindo este custo, seríamos imbatíveis ", falou.

 

Trilhos

 

A mais badalada e polêmica obra prevista no PAC deve ser mesmo o trem-bala, que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro, com conexão até Campinas. A expectativa da obra, cujo orçamento deverá variar entre US$ 10 e US$ 15 bilhões, agita empresas nacionais e internacionais, como a Siemens e a Alstom, que se declararam interessadas no projeto. Este mês o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, afirmou que os resultados de viabilidade do trem-bala devem sair em abril, e o edital, em junho. No leilão, "vencerá quem exigir a menor contrapartida do governo", disse ele. Do Japão, um grupo formado por Mitsubishi, Mitsui, Kawasaki e Toshiba esteve no Brasil para falar sobre o empreendimento, ano passado.

 

Portos

 

Outro projeto que desperta a atenção das empresas é a dragagem dos portos, comandado pela Secretaria Especial dos Portos (SEP), que calcula R$ 1,4 bilhão em recursos a serem liberados, para dragar 30 portos, sendo prioritários Santos (SP), Itaguaí (RJ); Rio Grande (RS), Paranaguá (PR); Suape (PE) e Itaqui (MA). Na licitação emergencial do Porto de Itajaí, um dos consórcios vencedores veio representando uma chinesa, com o grupo constituído pelas corporações nacionais EIT Empresa Industrial Técnica, DTA Engenharia e Equipav Pavimentação e Comércio, incluindo a CHEC Dredging e CO. Já foram abertas concorrências no Rio Grande, em obra orçada em R$ 190 milhões, e no Porto de Santos, com teto de R$ 203 milhões.

 

O principal encontro das empresas ligadas a logística rodoviária, ferroviária e marítima, "Intermodal South America", anuncia sua 15ª edição, parecendo o cenário internacional não ter trazido grandes reflexos para o evento, tanto que as empresas continuam a apostar na feira. Considerado um dos principais termômetros da área de logística no mercado brasileiro e sul-americano, o evento, segundo Joris van Wijk, diretor da UBM Brazil, atual organizadora da Intermodal, demonstra fôlego mesmo neste momento econômico. "Este ano haverá 450 expositores, 12% a mais que na edição anterior, tendo a participação internacional crescido em 20%", afirmou. Para o diretor, trata-se de um momento em que os arrojados tendem a se sobressair e o investimento em uma feira de negócios passa a ser uma ferramenta obrigatória, justificando a performance. Esta edição da Intermodal promete trazer um panorama de como irá se comportar o segmento, uma vez que, nela, as corporações costumam anunciar balanços e projetos de aportes para os próximos anos.

 

Veículo: DCI


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