A gigante dos produtos de consumo Unilever desistiu ontem de estabelecer metas por causa das incertezas da economia global, apesar de o resultado do quarto trimestre ter superado expectativas de analistas, ao mostrar alta de 7,3% nas vendas do quarto trimestre. A companhia anglo-holandesa, a terceira maior fabricante mundial de alimentos e produtos de consumo, informou que não fará previsões para 2009 sob as atuais condições, o que fez com que suas ações recuassem 5,87%, para US$ 1,396.
"Ninguém pode ser claro sobre a extensão exata da atual recessão ou sobre a velocidade de recuperação. As metas de 2010 foram definidas em um momento muito diferente e sob circunstâncias muito distintas", afirmou o novo presidente-executivo do grupo, Paul Polman, após a divulgação dos resultados.O executivo afirmou que a companhia estava se planejando com base em um cenário de nenhuma melhora significativa nas economias ao redor do mundo nos próximos 18 a 24 meses e que prefere não ser pressionado para alterar sua previsão "a cada cinco minutos" como seus principais concorrentes.
As metas de longo prazo da Unilever eram de crescimento anual nas vendas de 3% a 5% e uma melhora na margem operacional. Polman acrescentou que o grupo também vai abandonar meta de margem operacional de 15% até o ano que vem.
Rivais mundiais da Unilever como Procter & Gamble, Kraft Foods e Danone cortaram suas metas por causa da queda no consumo e redução de estoques por parte do varejo, mas Polman disse que definir uma estimativa específica não ajuda no atual cenário.
As declarações do presidente da Unilever confundiram analistas que, apesar da redução do ritmo econômico, esperavam algo do executivo, recém-chegado na Unilever, depois de ter trabalhado para a P&G e Nestlé.
No trimestre encerrado em dezembro, a Unilever teve alta de 7,3% nas vendas ante expectativas de analistas de alta de 4,5% a 7%. "Nos mercados em desenvolvimento ainda estamos vendo crescimento, mas a demanda está caindo como resultado da rápida mudança no cenário econômico e do impacto da inflação", disse Polman. Na América latina o crescimento das vendas foi de cerca de 12% para o ano e para o quarto trimestre, conforme informou a empresa em relatório. "Todos os países-chaves contribuíram para este bom crescimento", diz o documento. O Brasil está entre os principais mercados para a Unilever em todo o mundo.
Veículo: Gazeta Mercantil