Para ganhar competitividade nos estados do Nordeste e reduzir a exposição às importações, a fabricante de brinquedos Estrela está projetando a construção de uma fábrica em Ribeirópolis, no interior do Sergipe. Com orçamento estimado em R$20 milhões, a empresa ainda está em busca de financiamento, que deve ficar a cargo do Banco do Nordeste ou do Banco do Estado do Sergipe, de acordo com o presidente da companhia, Carlos Tilkian. Além de crédito para bancar a empreitada, a empresa também negocia com o governo local benefícios tributários.
Em entrevista à Gazeta Mercantil, o governador Marcelo Déda (PT) confirmou a disposição em negociar benefícios com o empresário. "A empresa já tinha um acordo com o estado de Pernambuco, mas acabou preferindo se instalar no interior de Sergipe", afirmou. Segundo ele, seu governo prioriza incentivos fiscais para projetos no interior do estado, zona com renda mais baixa. Atualmente, a Grande Aracaju responde por 70% do PIB sergipano, informou Déda.
De acordo com Tilkian, a fábrica na região foi planejada para atender uma estratégia logística. "Para que a empresa tenha mais competitividade ao atender o consumidor do Norte e Nordeste", disse. O executivo contou que os brinquedos produzidos na nova fábrica podem ter redução de preço na região. "Essa é a nossa intenção, mas não temos como garantir porque os custos do projeto não estão fechados", explicou. A Estrela possui uma fábrica em Itapira, no interior de São Paulo, e outra em Três Pontas, em Minas Gerais.
A escolha da cidade, segundo Tilkian, deu-se em razão do entusiasmo do empresário com um projeto social instalado pelo grupo JCPM, comandado por João Carlos Paes Mendonça - ex-controlador da rede Bom Preço - no local. "O projeto engloba áreas de saúde, educação e moradia, mas ainda falta geração de emprego", disse Tilkian. A construção do novo prédio ficará a cargo do grupo, que alugará o imóvel para a Estrela. Os investimentos da fabricante seriam em máquinas, equipamentos e infra-estrutura em geral. No primeiro momento, a nova fábrica deve empregar cerca de 200 funcionários.
Tilkian espera iniciar a produção na nova fábrica até julho, para aproveitar as vendas para o Dia das Crianças, que ocorrem no segundo semestre. A unidade de produção deve começar a operar com 40% da capacidade e trabalhar em plena carga no início de 2010. A ideia é que a fabrica produza um pouco de todas as linhas da Estrela.
Redução das importações
A ideia de construir uma nova unidade no Nordeste surgiu ano passado, antes do agravamento da crise econômica mundial. Mas, segundo Tilkian, o momento não poderia ser mais apropriado. "Com a desvalorização cambial, existe a tendência de priorizar a produção local", disse o executivo.
No ano passado, 50% do faturamento da empresa foi das vendas de produtos importados. Um ano antes esse índice era 35%. "No cenário atual, a expectativa é retomar a produção local com mais força", disse.
Para 2009, as importações devem recuar, fechando em cerca de 30% do faturamento.
A empresa registrou faturamento de R$ 100 milhões em 2007. Até o terceiro trimestre de 2008, o crescimento registrado pela fabricante de brinquedos era de 25%. Com o agravamento da crise internacional, o resultado anual deve ficar um pouco abaixo disso, segundo Tilkian.
"A nossa venda para o varejo ficou abaixo do previsto no Natal e as vendas do varejo para consumidor também não acompanharam", afirmou o executivo.
Veículo: Gazeta Mercantil