A Açúcar Guarani, que atua na transformação de cana-de-açúcar em etanol, açúcar e energia elétrica, teve prejuízo líquido de R$ 241,4 milhões nos nove meses do ano safra 2008/09, que começou em abril de 2008 e termina em março próximo. No ano safra anterior, que acabou em março de 2008, a empresa havia alcançado um lucro líquido de R$ 5,8 milhões.
No terceiro trimestre, que vai de outubro a dezembro, a companhia, que é controlada pelo grupo francês Tereos, teve prejuízo líquido de R$ 113 milhões, ante lucro de R$ 23,5 milhões obtido em igual período do ano safra 2007/08. Embora tenha apresentado prejuízo, a receita operacional e o Ebitda alcançados pela empresa no terceiro trimestre surpreendeu o mercado.
"O desempenho operacional da empresa no terceiro trimestre ficou acima do previsto, e ocorreu por causa da forte receita obtida com a vendas externas de açúcar que, por sua vez, foi resultado da melhora do preço do açúcar para exportação", informou o relatório do Unibanco, assinado pela analista Giovanna Araújo.
Nos nove primeiros meses ano safra 2008/09, a Guarani alcançou Ebitda de R$ 192,5 milhões, 30,3% superior a igual período do exercício anterior, que chegou a R$ 147,7 milhões.A margem Ebitda aumentou de 21,3% para 22,7%. Já no trimestre, o Ebitda teve um crescimento significativo de 62,5%, de R$ 71,4 milhões para R$ 116 milhões. A margem Ebitda para o período de outubro a dezembro de 2008 ficou em 32,1%, ante 27,4% do terceiro trimestre da safra anterior.
No acumulado de abril a dezembro, a receita líquida da Açúcar Guarani foi de R$ 849,2 milhões, crescimento de 22,5% sobre o período anterior, quando chegou a R$ 693,5 milhões.
De outubro a dezembro, a receita líquida foi de R$ 359,1 milhões, ante R$ 260,1 milhões alcançados no terceiro trimestre do ano safra 2007/08, um crescimento de 37,7%. A receita líquida da venda de açúcar representou 68,1% da receita total durante o trimestre - 59,4% no acumulado de abril a dezembro de 2008 - enquanto o etanol representou 25,9% e os outros produtos, incluindo energia elétrica e serviços, os 6% restantes.
Para Giovana, no entanto, apesar do bom desempenho operacional, a Açúcar Guarani tem dívida importante em dólar, que piorou após a desvalorização do real. "A dívida continua concentrada no curto prazo. O total da dívida financeira (excluindo os empréstimos com a Tereos de R$ 518,8 milhões) era de R$ 939 milhões no final do terceiro trimestre, a maior parte (63%) com vencimento no curto prazo e expressa em dólar", informou Giovanna.
A analista do Unibanco destacou a decisão da Açúcar Guarani de aumentar o seu capital "para reforçar a posição de caixa da empresa".No início do mês, a companhia comunicou ao mercado que estaria convocando o Conselho de Administração para avaliar a proposta de aumento de capital no valor mínimo de R$ 193 milhões, que seriam totalmente garantidos pelo controlador Tereos, e no valor máximo de R$ 309 milhões.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ