Na semana em que técnicos do Ministério da Agricultura avaliam, em Moscou, a viabilidade da importação de trigo da Rússia em substituição ao produto que deixará de ser fornecido ao Brasil pela Argentina, o analista do mercado de trigo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Paulo Magno Rabelo, disse que o cereal russo tem as mesmas características do produto produzido no Rio Grande do Sul.
"O trigo russo não é próprio para a fabricação do pão francês porque tem baixos níveis de proteína", afirmou. "O Brasil precisa de lotes que possam ser misturados com trigo de qualidade inferior", completou. O técnico explicou que esse produto, considerado de qualidade superior, para uso na fabricação de pães só pode ser fornecido por exportadores dos Estados Unidos e do Canadá. "O trigo produzido pela Rússia é o soft, com menos proteínas, usado na fabricação de bolachas e biscoitos, e que não tem as características próprias para o pão francês", argumentou. "O trigo produzido pela Rússia não está faltando no mercado interno", afirmou.
A importação de trigo da Rússia está incluída numa negociação que prevê a ampliação da cota para exportação de carne suína para Moscou. O analista da Conab acredita que o abastecimento interno está garantido porque a oferta mundial supera a demanda. Segundo ele, a produção mundial de trigo será de aproximadamente 682 milhões de toneladas, contra demanda de 560 milhões de toneladas. Em média, o trigo dos Estados Unidos e do Canadá é vendido a US$ 240 por tonelada, contra US$ 190 por tonelada do cereal russo. No total, considerando farinha e o cereal bruto, o Brasil precisará importar 5,340 milhões de toneladas este ano, de acordo com estimativas da Conab.
Veículo: Jornal do Comércio - RS