L'Oréal investe em produto mais barato e estuda ter lojas próprias

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Jean-Paul Agon não parecia um homem sob pressão ontem, enquanto discutia calmamente o futuro da L´Oréal sorvendo uma xícara de Darjeeling na sede da companhia em Paris. Mas com as vendas de muitos dos principais produtos do grupo em queda, o trabalho para manter a L´Oréal no caminho certamente se tornará mais tenso.

 

Na última década, a L´Oréal foi uma das companhias mais bem-sucedidas do setor de bens de consumo, com um saudável crescimento médio trimestral de vendas de 7%. Mas agora seu modelo de negócios é posto em dúvida, com a queda de 0,6% nas vendas no quarto trimestre de 2008, em relação a igual período do ano anterior. 

 

Os resultados anuais também foram afetados. O lucro líquido caiu 27% no ano passado, para ? 1,9 bilhão de euros. As vendas em bases comparáveis foram 3,1% maiores, somando ? 17,5 bilhões de euros . 

 

Redes de varejo, como as lojas de departamentos dos Estados Unidos, estão encomendando menos produtos da L´Oréal, uma vez que os consumidores reduziram gastos. Os cortes de pessoal e a redução das viagens a negócios das empresas afetaram as vendas nos free shops, ao mesmo tempo em que a queda dos orçamentos das famílias significa que as pessoas não têm mais dinheiro para gastar com xampus sofisticados. 

 

Agon reconhece que as vendas de produtos de luxo estão caindo bastante, mas acredita que as vendas das marcas voltadas para o mercado de massa - como seus produtos Garnier para a pele e os cabelos - vão se manter. "Em termos globais, acreditamos que o mercado de cosméticos poderá permanecer positivo em 2009 e nossa ambição é nos sairmos melhor que o mercado." 

 

Mesmo assim ele vem buscando meios para diversificar a dependência das vendas das lojas de departamentos dos EUA, que respondem por 80% dos negócios da companhia no país. A L´Oréal está mais vulnerável a cortes nos estoques do que seus concorrentes por sua grande variedade de itens. 
"Estamos tentando tudo", diz ele, acrescentando que a companhia está adotando uma postura mais "pragmática". Isso inclui um corte no número de produtos de cada marca e ações promocionais com parceiros. 

 

A companhia está se esforçando para elevar as vendas em redes especializadas em cosméticos e de "grandes descontos" como a Lidl. E também está mirando as vendas on-line e canais de TV como o Home Shopping Network. Está investindo ainda em seus produtos de preços mais acessíveis, como o perfume para homens "Diesel Fuel for Life", vendido a menos de ? 50. 

 

O grupo também quer capitalizar o sucesso da Kiehl´s, rede voltada para produtos para pele e cabelos de Nova York que possui lojas autônomas que ele chama de "Consultórios Oficiais Kiehl´s". 
"Estamos nos mexendo para desenvolver nossas próprias lojas", diz Agon. "Ter nossas próprias lojas é uma opção muito importante." 

 

Ele também acredita que a inovação é mais importante do que nunca. "Quando você tem algo realmente extraordinário, as pessoas vão querer gastar", afirma. 
Além disso, a L´Oréal começará a fabricar produtos mais baratos e vai ampliar seus negócios em novas categorias - como spray para cabelos, produtos de cuidados com a pele e para homens -, e prentede expandir-se em novos mercados como o Oriente Médio, a África e o Paquistão. 

 

Agon terá um ano movimentado tentando fazer seus planos funcionarem, especialmente durante uma crise que ele descreve como "a maior" que já viu. Mas ele mantém o otimismo. "Esta crise poderá ser positiva", diz ele, acrescentando que ela é uma oportunidade para mostrar que a L´Oréal pode fazer produtos que valorizam o dinheiro do consumidor. "Uma das coisas boas desta crise é que as pessoas irão voltar ao básico." 

 

Veículo: Valor Econômico


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