Compra online melhora com a nuvem

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Realizada na última sexta-feira de novembro, a Black Friday já se tornou a ação de maior impacto do e-commerce brasileiro. Na edição de 2015, as vendas chegaram a 1,6 bilhão de reais, 38% acima do ano anterior. Nas 24 horas da megapromoção, 1,64 milhão de consumidores fizeram compras e 2,77 milhões de pedidos foram fechados, segundo balanço da E-bit, empresa que compila dados do e-commerce no país.

Sites de e-commerce têm a mesma estrutura de servidores e estão sujeitos aos mesmos riscos e vulnerabilidades que outras páginas da internet. Imagine o prejuízo se o excesso de tráfego gerado pela Black Friday, por exemplo, derrubasse os servidores das lojas online ou se hackers conseguissem atacá-las. Para minimizar esses riscos, as lojas online têm optado pela computação em nuvem e, como empresas de outros setores, aproveitam a elasticidade de processamento.

“No passado, os grandes portais de comércio eletrônico tinham de fazer o planejamento de sua capacidade pelo pico de acesso”, diz Frank Meylan, sócio da consultoria KPMG. “Agora a elasticidade permite crescer ou reduzir a operação de acordo com a demanda dos negócios.” Em momentos de muitos acessos, como na Black Friday, era necessário comprar máquinas, memória e bancos de dados para atender à demanda. “A empresa pagava por aquela estrutura o resto do ano, sem utilizá-la”, afirma Meylan.

Com uma infraestrutura fixa, essas lojas estavam sujeitas ao maior pesadelo do comércio eletrônico: sair do ar nos momentos de pico de vendas. Imagine milhares de clientes tentando colocar itens no carrinho sem sucesso ou a página travar no ato do pagamento. É como se um supermercado fechasse as portas na cara dos clientes que queriam aproveitar uma promoção.

A computação em nuvem mudou esse cenário ao organizar a infraestrutura de servidores de maneira mais inteligente. Trata-se de uma arquitetura que consegue lidar com as diferenças na demanda ativando e desligando máquinas de acordo com a necessidade, de uma forma elástica. Todo o processo é realizado de um jeito simples e automático, sem que a equipe de TI precise cuidar da operação.

As prestadoras de serviços de computação em nuvem mantêm grandes parques de servidores, todos conectados por uma rede sofisticada. Quando uma loja online contrata o serviço, ela pode optar por dois modelos. No primeiro, utiliza a chamada nuvem pública, uma rede de servidores compartilhada por diversas empresas. Essas máquinas rodam aplicações e todos os programas necessários para manter a loja funcionando. No segundo modelo, é utilizado um ambiente dedicado, para casos de operações mais complexas ou sensíveis.

Qual a grande diferença? Ao contratar uma estrutura de cloud terceirizada, a loja se libera das restrições de capacidade. Essa capacidade virtualmente ilimitada fica à disposição para que ela passe sem problemas pelos momentos de maior atividade do ano, como Natal, Dia das Mães e Black Friday, por exemplo.

Cada vez que a demanda aumenta, mais servidores desse parque são acionados. Passado o pico, as máquinas voltam a ser liberadas. Assim, o risco de queda cai praticamente a zero. Mas a elasticidade não é o único motivo que torna a nuvem atraente para o e-commerce.

A multinacional Whirlpool migrou em 2014 sua operação de comércio eletrônico para uma plataforma na nuvem. O principal motivo para a opção foi a capacidade de fazer análise e manipulação de dados em larga escala. Com uma estrutura de cloud, a empresa pode armazenar essas informações em um sistema mais amplo e flexível, acessível de qualquer lugar. A Whirpool passou ainda a ter um controle maior sobre a inteligência colhida a partir dos hábitos do consumidor.

“Como uma organização global que opera em quase todos os países do mundo, precisamos encontrar uma maneira de fazer crescer nossa capacidade de armazenar e acompanhar dados críticos para o negócio, para responder às dinâmicas do mercado mais rapidamente”, afirma Alan Douville, vice-presidente de TI e segurança da Whirpool, à época da mudança. Se usasse uma estrutura compartimentada de servidores, a Whirpool teria dificuldade para distribuir essas informações globalmente.

Não são apenas as grandes empresas que podem aproveitar a tecnologia. A capacidade flexível da nuvem permite investimentos iniciais menores, para os negócios que ainda estão se estruturando. Em vez de planejar um grande orçamento para o parque de servidores logo no início, estimando demandas que devem se concretizar dali a meses apenas, os pequenos podem usar a nuvem para começar com menos recursos. Assim, uma loja online pode iniciar com uma capacidade menor e crescer usando a elasticidade da nuvem.

“O comércio eletrônico com base na nuvem propicia respostas rápidas a oportunidades e desafios de mercado”, diz uma pesquisa da consultoria Gartner sobre as vantagens da nuvem para lojas virtuais. “Aplicações de e-commerce na nuvem diminuem custos e agilizam o desenvolvimento, o que permite aos líderes de TI avaliar novas oportunidades sem grandes investimentos iniciais.”

É por isso que a computação em nuvem tem conquistado espaço entre as plataformas de comércio eletrônico no mundo todo. A capacidade para diminuir custos, lidar com uma demanda elástica sem sobrecarregar servidores nem deixar o site offline torna a nuvem uma solução cada vez mais procurada pelo e-commerce. O consumidor agradece, pois a experiência de compra pode se tornar muito melhor.

 



Veículo: Site Revista Exame


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