Crise financeira, redução do crédito, diminuição do consumo. Nada disso afetou as vendas da Hypermarcas em 2008. Somente nos últimos três meses do ano, a receita bruta da companhia registrou aumento de 73,6%, para R$ 617,2 milhões. No ano, a receita teve alta de 61,6% e totalizou R$ 1,78 bilhão. Desse valor, R$ 343,5 milhões se referem a aquisições feitas ao longo do ano e os demais R$ 1,43 bilhão são de operações que já pertenciam à companhia, o que significa alta de 30,4% de crescimento orgânico.
"Somente no quarto trimestre tivemos crescimento de 10,3% na mesma base de comparação, acima das nossas expectativas", disse o presidente da empresa, Claudio Bergamo. Embora não trace nenhum cenário para 2009, o executivo avalia que os produtos da empresa tendem a ganhar participação de mercado. "Nossos produtos estão posicionados como produtos de qualidade tão boa quanto a dos líderes de mercado, mas com preços mais acessíveis, e em um momento como o atual é natural que os consumidores passem a comprar produtos com preços mais acessíveis."
Por conta disso, a empresa deve manter a estratégia de realizar despesas significativas em marketing. Em 2008, foram gastos R$ 271,1 milhões, o que representa cerca de 20% da receita líquida, percentual que deve ser mantido ao longo deste ano.
Bergamo afirmou que novas aquisições continuam no foco de interesse da empresa, que nos últimos anos realizou entre duas e quatro compras por exercício - em 2008 foram adquiridas Farmasa, Niasi, Bozzano e NY Looks. "Aquisições sempre vão estar no radar, se forem atrativas dentro do escopo da empresa e gere sinergias", disse.
Boas oportunidades podem aparecer neste momento, já que, na avaliação de Bergamo, empresas que não estiverem bem-preparadas, podem encontrar dificuldades para superar a crise. A falta de crédito não preocupa o executivo em uma eventual compra. "O que mais nos preocupa neste momento é o valor dos ativos, porque é tudo um pouco incerto e devemos tomar cuidado para não pagar mais do que vale."
A empresa encerrou 2008 com endividamento líquido de R$ 1,16 bilhão, sendo R$ 871,9 milhões referentes a parcelamentos de aquisições. O resultado líquido também foi impactado pelas compras, e a Hypermarcas teve perdas de R$ 207,8 milhões, ante lucro de R$ 58,8 milhões um ano antes. Bergamo ressaltou que por conta do elevado nível de aquisições, a empresa trabalha com lucro líquido caixa, indicador que teve alta de 89% no ano passado, para R$ 280 milhões.
Veículo: Gazeta Mercantil