Hypermarcas tem prejuízo com endividamento e câmbio

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Claudio Bergamo, principal executivo da Hypermarcas, que deve ter menor apetite para compras neste início de ano
A Hypermarcas apresentou um prejuízo líquido de R$ 153,4 milhões no quarto trimestre de 2008. O desempenho foi ditado pela transformação da companhia, que abriu o capital e realizou uma série de compras, que elevaram seu endividamento.

 

Ao final do ano, a dívida líquida da empresa somava R$ 1,2 bilhão, sendo 75% atrelados a títulos a pagar referente a aquisições. No ano passado, a companhia de bens de consumo incorporou a Farmasa, comprou a Ceil Comércio, subsidiária da Revlon no Brasil, e a Niasi, detentora das marcas Risqué e Biocolor, entre outros negócios. De seu endividamento bruto de R$ 1,3 bilhão, 58% está sujeito ao câmbio. Apenas no quarto trimestre do ano, a empresa teve despesa com variação cambial de R$ 189 milhões, por conta da desvalorização de 22% do real ante o dólar.

 

Claudio Bergamo, principal executivo da Hypermarcas, explica que a dívida está protegida a R$ 2,16 e conforme a oscilação da moeda a empresa também poderia ter se beneficiado de um crédito. Por essa razão, afirma, a empresa divulga o lucro líquido caixa, sem os efeitos da variação cambial e também das amortizações de ágio das aquisições. O lucro líquido caixa apurado foi de R$ 71,7 milhões no último trimestre do ano, com alta de 61%.

 

A relação entre a dívida líquida e o lajida (lucro antes de juros, impostos , depreciação e amortização ) está em 2,3 vezes. Bergamo admite que , em razão dessas proporções, a empresa tende a ser mais conservadora ao avaliar eventuais novas aquisições.

 

"No primeiro semestre, estaremos focados em capturar sinergias e acomodar nossas operações. Até porque ainda precisamos observar em que nível de preços os ativos vão se estabilizar", afirma Bergamo, ressaltando que a empresa não considera que tenha pagado caro nas transações feitas ano passado. "Fizemos bons negócios, tanto que os resultados já estão aparecendo."

 

As receitas brutas obtidas com as novas aquisições foram de R$ 225,8 milhões e responderam por 36% do faturamento bruto da empresa no quarto trimestre, que alcançou R$ 617,2 milhões, em alta de 74%. Isolado, o crescimento das receitas provenientes dos negócios que já pertenciam à Hypermarcas foi de 10,3% no quarto trimestre em relação a igual intervalo de 2007. O resultado mostrou uma elevação em relação à alta de 7,7% observado na comparação entre os terceiros trimestres de cada ano.

 

Segundo Bergamo, a crise financeira internacional não impactou severamente os negócios da companhia, uma vez que ela vende produtos de menor valor, não dependentes da concessão de crédito. "Acompanhando os indicadores macroeconômicos e olhando para o nosso negócio, percebemos que essa análise é válida. A empresa segue vida normal, não estamos nem contratando nem demitindo", diz.

 

As ações de outras companhias cujos produtos não dependem de venda a crédito, como Natura e Pão de Açúcar, apresentaram performance positiva em 2008 em razão dessa característica, considerada defensiva neste momento. O mesmo não ocorreu com a Hypermarcas, que caiu 21% em 2008 e, neste ano, perde 2,40% -ontem subiu 4%. Bergamo acredita que a empresa ainda está construindo uma relação com o mercado e a falta de um histórico reduz a visibilidade do papel. "Fomos das últimas a abrir capital, estamos entregando o prometido, com alta de receitas e capacidade de gerar caixa. Todos os investidores que entraram na operação continuam na nossa base de acionistas", diz.
 


Veículo: Valor Econômico


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