O governo do Estado de São Paulo vai obrigar todos os produtores de citros a fazer vistorias trimestrais em seus pomares para apurar a incidência do greening, principal doença da citricultura. Até agora, apenas os produtores dos 213 municípios com focos comprovados da doença eram obrigados a fazer as vistorias a cada três meses e a apresentarem relatórios semestrais com casos da doença.
A Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) editou na semana passada uma nova portaria que amplia a ação para todos as 645 cidades do Estado, maior produtor da fruta no mundo. A nova portaria da CDA valerá a partir da publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo e, segundo o texto, irá "oficializar todo o Estado de São Paulo como área sob vigilância sanitária para o controle do greening", com a obrigatoriedade de todos os pomares considerados comerciais, ou seja, os com mais de 200 plantas.
Obrigação. "A propriedades não-comerciais, com pomares caseiros que tiverem greening constatados pela CDA, também passarão a ter a obrigação de vistorias", disse Geysa Pala Ruiz, engenheira agrônoma da CDA.
A portaria obrigará ainda que as duas vistorias obrigatórias semestrais para a constatação do greening e erradicação das plantas doentes sejam feitas com intervalo máximo de 90 dias entre elas. Todos os dados apurados precisam constar nos relatórios entregues a cada seis meses à CDA. Os relatórios seguem as determinações atual legislação sobre a doença, a Instrução Normativa (IN) 53, do Ministério da Agricultura.
A IN 53, editada no passado, é a terceira sobre o combate ao greening, desde os primeiros relatos da doença no Brasil, em 2004. Além das vistorias e dos relatórios, apresentados até 15 de julho e até 15 de janeiro, a IN 53 deu mais poderes para a CDA e eliminou etapas previstas nas instruções anteriores, que faziam com que a erradicação de plantas doentes demorasse até seis meses.
Bactéria. O greening é causado por uma bactéria (Candidatus liberibacter), que atinge todas as variedades cítricas, e é transmitida por um inseto vetor, a Diaphorina citri. Os principais sintomas são: ramos amarelados, folhas mosqueadas (manchas verde-claras ou amareladas), deformação, redução e queda de frutos, maturação irregular dos frutos, desfolha, seca e morte de ponteiros das árvores, manchas circulares verde-claras na casca do fruto, sementes abortadas e maior espessura da parte branca da casca.
Desde que o governo criou normas para obrigar a erradicação de plantas, 4,723 milhões de plantas com sintomas ou contaminadas foram erradicadas, 828 mil pela CDA e 3,895 milhões pelos produtores. Segundo a CDA, 479 produtores foram autuados desde 2005 por não erradicarem suas plantas contaminadas após serem flagrados pelas auditorias da entidade.
De acordo com dados do último balanço de entrega de relatórios, realizado em janeiro deste ano pelo governo paulista, 6.836 propriedades de citros tinham casos de greening ou 45% das 15,1 mil propriedades que entregaram os documentos.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ